quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quatro

“Eu odeio quando ele faz isso,” eu murmurei, pulando quando meu guardião voou na minha frente.

“Faz o quê?” aquilo emitiu um som.

Talvez não tão sozinha. Suspirando, eu alcancei minha bicicleta. “Para o tempo e pula no sol daquele jeito, mas eu realmente não estava falando com você.” Se alguém me visse falando com o ar, eu definitivamente acabaria em uma panelinha de esquisitos quando a escola começasse de volta.” Não o meu terceiro ano. Eu
não tinha tempo para me livrar dessa novamente. Você vai para a escola um dia com asas de morcego no Dia das Bruxas, e isso nunca é esquecido. Um ligeiro sorriso curvou meus lábios para cima. Wendy, minha amiga lá em Flórida, tinha usado-as também. Quase fez as piadas de batgirls-gêmeas engraçadas.

A bola de luz fez uma explosão de som indignada. “Você é realmente baixinha, para uma mortal.”

“Olha só quem está falando,” eu retruquei, então passei minha perna sobre a minha bicicleta. Eu empurrei o pedal, e as rodas fizeram um som doloroso, a resistência me impedindo de mover.

“Ei!” Eu exclamei quando percebi que o pneu dianteiro estava furado. O anjo da guarda estava rindo. Tinha que estar; sua cor estava mudando selvagemmente através do espectro. “O que você fez com a minha bicicleta?” Eu disse, apesar de ser óbvio.

“Estou te protegendo!” aquilo cantou alegremente. “Não se sente mais segura já?”

Meus pensamentos foram para a caminhada de oito quilômetros até em casa. “Me proteger do quê?” Eu retruquei. “Eu ser considerada como qualquer outra coisa além de uma retardada?” Irritada, eu empurrei minha bicicleta pela calçada quente na direção da saída distante. Anjo da guarda estúpido. Que diabos era o seu problema?

Eu virei ao redor ao som da porta de metal da escola abrir com tudo, e vi um cara usando shorts de corrida sair. Mais duas pessoas seguiram-no. Prática de corrida em agosto?

“Era uma vez uma garota e amarelo era a cor do seu cabelo, cujos cachos eram curtos como os de um camelo,” G.R.A.C.E.S. um-setenta-e-seis cantou, pairando sobre a minha orelha. “Ela escovava e dava uma arrumadinha, como se fosse uma rainha, até que eu troquei seu shampoo por Nair*.”
* produto usado para fazer o cabelo cair.

“Adorável. Isso canta,” eu murmurei, e o anjo deu risadinha, parecendo mandar uma jorrada de ar gelada sobre mim. Atrás de mim, vozes soavam entre as pancadas de portas de carros e os motores esquentando. A primeira caminhonete passou por mim rugindo, e eu virei para direita para evitar o escapamento, puxando minha bicicleta pelo fim da parede e arrastando-a colina acima até a estrada principal.

Alguém buzinou, e eu ignorei. A colina era íngreme, e quando uma fileira de moitas desgastadas apareceu na minha frente, eu me virei na direção do canal de escoamento de água cheio de pedras do tamanho da minha cabeça. Mas no momento em que eu encontrei o canal, o pneu dianteiro ficou preso e o guidão
comprimiu meu estômago. Minha respiração saiu em um bufo doloroso, e eu olhei para cima para encontrar uma caminhonete parada no alto da colina. Ótimo. Eu tinha a porcaria de uma platéia.

“Era uma vez uma garota com uma bicicleta, que pensou em ir explorar o planeta.”

“Cala a boca!” Eu gritei, então olhei para cima para o som de uma porta batendo.

Meus ombros se encurvaram e eu me senti esgotada. Era o Josh. Josh, meu par do baile. O mesmo cara que só tinha saído comigo porque o meu pai e o dele trabalhavam juntos e tinham armado isso. Eu tinha sido um “favor.” E quando Josh acidentalmente deixou isso escapar no baile, eu fora embora apressada – com Seth/Kairos.

Excelente. Eu não tinha visto muito o Josh desde que eu morrera, exceto ao passar por ele no corredor.

Agora, inclinada contra a minha bicicleta, eu o observo se reclinar contra a porta da sua caminhonete com seus tornozelos cruzado, sorrindo para mim.

Ah, pelo amor da tumba. Olhando novamente para baixo, eu laboriosamente soltei a roda e empurrei para frente, mas a memória da noite em que eu morri encheu os meus pensamentos. Josh tinha me seguido para se certificar que eu chegaria em casa bem, mesmo depois de eu tê-lo deixado-o sozinho. Ele tinha visto a batida de carro, tinha deslizado pelo aterro para tentar me salvar. Eu acho que ele até mesmo tinha segurado a minha mão enquanto eu morria.

Barnabas me assegurou que ele não se lembrava de nada. Exceto talvez que eu tinha sido uma vaca com ele no baile e ido embora com outra pessoa.

“Precisa de uma ajuda?”

Eu olhei para cima para encontrar o Josh ainda inclinado contra sua caminhonete.

Ele estava bonito, seu cabelo loiro escuro molhado por causa da chuveirada, olhos azuis estreitados no sol enquanto ele empurrava óculos modernos novos em seu nariz estreito. Eu já tinha visto-o falando com os nerds do clube do teatro na escola e defendendo os inteligentes no corredor, mas ele geralmente andava com os atletas.

Não era bem um povo popular, mas quase o bastante para não importar numa cidade desse tamanho. Ele era gentil com todos, o que não era uma norma para o que eu chamaria de um cara muito namorável.

“Eu disse: você precisa de uma ajuda?” ele disse mais alto enquanto acenava para uma garota que passava.

Era a Amy. Eu não gostava dela. Ela era muito cheia de si para ter espaço para um pensamento de verdade em sua cabeça.

Soprando o cabelo para longe dos meus olhos, eu desejei ainda estar no lago, com o ceifador negro e tudo.

“Não,” eu disse de volta. “Mas obrigada.” Com a cabeça abaixada, eu empurrei a bicicleta por sobre uma pedra e movi um passo.

“Tem certeza?”

Por que ele está sendo tão gentil comigo?

De cima e um pouco atrás de mim veio uma voz aguda dizendo, “Escuta, eu acabei de pensar no final disso. Era uma vez uma garota com uma bicicleta, que pensou em ir explorar o planeta. Para o oeste ela se dirigiu, porque era melhor, ela pressentiu, mas encontrou alguém de quem gostava"

Meu pé deslizou. O hábito me fez inspirar quando meu tornozelo deu uma dor aguda e a bicicleta caiu os quinze centímetros que eu tinha conseguido subir. “Eu vou para o sul, não para o oeste,” eu resmunguei, então olhei para o Josh enquanto o anjo ria de mim. Estava quente demais para me sentir culpada por vaquices passadas. “Eu mudei de ideia,” eu disse audivelmente. “Eu preciso de uma ajuda.”

Josh se empurrou de sua caminhonete e começou a descer, deslizando até achar as pedras e começar a tomar seu caminho. Eu esperei, então recuei quando ele me lançou um sorriso e tomou o guidão de mim.

“Como você ficou com o pneu furado?” ele perguntou enquanto esquivava olhares para o meu cabelo roxo.

“Era uma vez uma menina descendente de plebeus, que constantemente furava seus pneus.”

“Cala a boca!” eu gritei, então me contrai involuntariamente quando Josh se virou para mim, chocado.

“Ah, você não,” eu emendei, praticamente morrendo na hora. Não que eu pudesse, mas eu me senti desse jeito. “Eu, hm, não estava falando com você.”

As sobrancelhas do Josh subiram. “Com quem você estava falando? Gente morta?”
Ele quis dizer isso como se fosse uma piada, mas eu me senti empalidecer. Atrás de mim veio um toque, “Você tem que estar viva antes, pequenina, para morrer.”

O silêncio se esticou, e a expressão do Josh foi de entretida para chateada. “Foi uma piada, Madison.”

Miserável, eu tentei encontrar uma virada nisso que não me fizesse parecer Madison, a Louca. Estúpido anjo da guarda. Era tudo culpa daquilo. “Sinto muito,” eu disse, enfiando meu cabelo para trás. “Foi legal da sua parte parar e me ajudar. Eu realmente aprecio isso. Eu só estou com calor.” Minha tensão relaxou quando a mandíbula dele se abriu. “Não tem sido um bom dia,” eu acrescentei.

Josh estava silencioso, e eu olhei para ele. Estávamos quase no topo, e eu não queria deixá-lo pensando que eu tinha gritado com ele por razão alguma. “Você está, hm, no time de corrida, certo?” eu disse.

“Aham. Vamos fazer uma corrida de caridade amanhã na festa da escola,” ele disse, diminuindo a velocidade para colocar o pneu da frente entre duas pedras. “Dólares por tempo na pista, esse tipo de coisa. O Treinador acha que é uma ótima maneira de nos impedir de ficarmos molengas no verão. O que você está fazendo para ajudar?”

“Eu?” eu gaguejei. “Hm...”

Josh olhou desconfiadamente para mim. “Era por isso que você estava na escola, certo?”

“Na verdade não,” eu disse. “Eu estava me encontrando com alguém. Eles foram embora. Meu pneu furou.”

O anjo se debruçou na minha visão, e eu estapeei-o. “Nossa, mosquitão,” eu disse, e aquilo zuniu em indignação, a luz ficando mais clara.

“E você veio aqui porque não queria que o seu pai soubesse que você estava se encontrando com alguém?” Josh disse. “Saquei.” Suspirando, ele olhou para o alto da colina como se já estivesse se distanciando de mim.

Eu estava ferrando com isso majestosamente. “Não é o meu pai; é a minha vizinha,” eu disse.

“Sra. Walsh?” Josh perguntou, me alarmando.

“Você ouviu falar dela?” eu disse, me encontrando sorrindo ironicamente para seu sorriso compreensivo.

Ele assentiu. “Meu amigo Parker mora na sua rua. Aquela mulher revira seu lixo para tirar o que em reciclável. Velha maluquete.”

“Isso é horrível.” Me sentindo melhor, eu abaixei meus olhos. “Eu não esperava ter um pneu furado. Quero dizer, são apenas oito quilômetros até a minha casa... sabe."

Bafejando ao lado do Josh com a bicicleta entre nós, eu olhei para ele, desejando que não tivesse gritado com o anjo da guarda. Josh estava silencioso enquanto alcançávamos o topo, e assim que estávamos ambos em no plano, eu alcancei o guidão, nervosamente tentando não tocar em seus dedos. “Obrigada,” eu disse enquanto olhava para a sua caminhonete estacionada na lateral da estrada. Ele ia para o norte, e eu ia para o sul, para a cidade. “Eu acho que consigo daqui.”

As mãos do Josh deslizam do cromo. “Tudo está bem?” Você está meio tensa.”

Eu puxei a bicicleta dele. “Eu estou bem. Por quê?”

Ele empurrou seus óculos para cima. “Seu cabelo está molhado, e eu sei que você não estava na pista. Alguém fez uma pegadinha com você ou algo assim? Você está agindo como a minha irmã quando ela está encrencada e o mundo está querendo pegá-la."

Eu me senti encurralada, e meu passo acelerou. “Não mais encrencada que o normal,” eu disse com uma alegria falsa. Um carro passou zunindo. Era o último do time de corrida. Demônios, eu sentia falta do meu carro.

Josh estava silencioso, seus passos diminuindo a medida que nos afastávamos de sua caminhonete. “Olha, eu sei como são os pais. O meu me mantém numa rédea tão curta que eu não posso dar uma mijada sem ele checar para ver se eu lavei as minhas mãos.”

Repensando, eu olhei para cima. “Não é o meu pai. Ele é legal."

“Qual o seu problema?” Josh disse. “Eu só estou tentando ajudar.”

Minhas sobrancelhas se levantaram quando a bola de luz fez um som de beijo. “Ele está tentando ajuda-a-aar,” aquilo cantou, e Josh estremeceu quando aquilo pousou em seu ombro. Ótimo, essa coisa pertencia ao sindicato dos cupidos. Não era disso que eu precisava.

“Eu estou bem. Sério. Obrigada,” eu disse curtamente, enfiando a minha bicicleta no cascalho solto.

“Bem, eu não estou,” ele disse sombriamente, e eu continuei indo. “Escuta, eu não estou tentando te passar uma cantada, mas eu fico tendo esses sonhos sobre você nas últimas três semanas e eles estão me fazendo pirar.”

Eu parei, incapaz de me virar. Ele está sonhando comigo?

“Era uma vez um poeta de Plunket–”

Eu me virei para o anjo como se estivesse indo acertar uma mosca, e com um tiquinho de sensação, eu o acertei. Aquilo arqueou pela estrada com um grito débil, e eu encarei o Josh. Ele está sonhando comigo?

“Deixa para lá,” ele disse, virando-se. “Eu tenho que ir.”

“Josh.”

Ele acenou para mim, mas ele não olhou de volta enquanto ele andava com dificuldade para a sua caminhonete.

“Josh?” Eu chamei novamente, então me endureci para a sombra que acelerou pelo chão entre nós. Meus olhos foram para o alto enquanto o medo deslizava por mim. Asas negras. Aqui? Que diabos?

“Josh!” Eu gritei. Filho de um cachorrinho morto. Em algum lugar na minha cidade, um ceifador andava.

Caçando. Me caçando? Mas Ron tinha mudado a minha ressonância!

O amargo toque de sinos me disse que meu anjo tinha retornado. “Quanto é um cúbito?” eu perguntei ao anjo ofegante enquanto Josh se aproximava de sua caminhonete.

“Cerca de quarenta e cinco centímetros,” a coisa disse firmemente. “Você manchou meu vestido com grama. Você é uma pessoa detestável, sabia disso?"

Vestido? É uma garota, então.

“Por quê?” ela perguntou, e então ela tocou em entendimento. “Ah, legal. Asas negras. Não se preocupe. Elas não conseguem te sentir se eu estiver por perto. Eu tenho um campo de imunidade. É como se você nem estivesse aqui.”

“É, eu também tenho isso,” eu disse. “Mas se elas não conseguem me sentir, então por que estão aqui?”

“Ele, eu acho. Sim. Ele. Alguém está caçando-o.”

Meus olhos se alargaram. Ele? Ela quer dizer o Josh? Por quê? E então eu entendi.

A ressonância do meu amuleto fora mudada tarde demais. Nakita tinha me seguido de volta, pelo menos até Three Rivers, mas me perdeu quando Ron mudou as coisas. E já que nem ela ou Kairos ficariam numa esquina e esperariam que eu
passasse, eles estavam tentando me achar ao caçar alguém com quem eu pudesse estar. Kairos tinha conhecido Josh no baile. Falado com ele; Visto ele e sua aura. Eles estavam me localizando através do Josh - a única pessoa que tanto Kairos quanto eu conhecíamos.

“Chame o Barnabas,” eu disse para a anjo, assustada.

“Não posso fazer isso,” ela disse levemente. “Eu não sou experiente o bastante para tocar pensamentos com ninguém. Eu sou uma anjo da guarda de primeira esfera.”

“Então vai chamar o Ron,” eu disse para ela, vendo as asas negras começarem a circular.

“Não posso fazer isso tampouco.” Rodopiando sobre a minha cabeça, ela mandou relampejos de luz aos meus olhos. “Eu fui instruída a te manter segura e me reportar aos ceifadores. Você está a salvo.”

“E quanto ao Josh?” eu perguntei, e ela zuniu como se não se importasse.

A porta da caminhonete do Josh rangeu ao se abrir, e eu entrei em pânico.

“Josh!” Empurrando minha bicicleta junto, eu corri desajeitadamente pelo centro da estrada vazia.

“Josh, sinto muito,” eu disse efusivamente enquanto alcançava a porta do motorista e agarrava a janela aberta. “Espera.” Meu coração martelou enquanto eu olhava para cima, mas as asas negras já tinham começado a se desviar. Minha tensão aliviou, então mudou para preocupação. A anjo não protegeria ele, mas se eu ficasse com Josh, ele ficaria sob a minha imunidade. Se as asas negras não conseguiam senti-lo, tampouco podiam Kairos e Nakita. Por que eu não tinha trabalhado mais arduamente em tocar pensamento? Certamente seria útil agora.

Josh sentava com suas mãos em seu volante, me encarando enquanto um carro dirigia vagarosamente ao nosso redor. “Madison, você é um cara-fêmea muito estranho.”

“Sim, eu sei,” eu apressei. “Me dá uma carona para a loja de bicicleta? Eu preciso de um pneu novo.”

Erguendo sua cabeça, Josh olhou para mim. Eu faria praticamente qualquer coisa agora para não ter que explicar, mas eu também faria qualquer coisa para mantê-lo a salvo. Era minha culpa ele estar em perigo. Eu podia estar morta, mas eu ainda tinha que viver comigo mesma, e se eu me afastasse, Josh iria sofrer. Talvez
morrer.

“Eu estou no fundo de uma ravina, não estou?” Eu revelei desesperadamente, meus olhos implorando para ele escutar. “Em um conversível preto. No seu sonho.”

A boca do Josh caiu aberta. “Como sabe disso?”

Eu lambi meus lábios, sentindo o calor sair da estrada como o fogo do inferno. Eu sabia que era melhor não quebrar a memória falsa que Ron tinha dado ao Josh. Mas ele não estava ali, e eu não sabia como contatá-lo.

“Porque não era um sonho,” eu disse.

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