terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Onze

O cheiro de álcool sendo esfregado e de adesivo vagou do corredor branco estéril até a sala de espera da emergência marrom e cinza clara. Estava silencioso agora, exceto por uma mulher com um bebê inquieto em seu colo, e eu me encurvei sobre meus joelhos e esfreguei meu cotovelo, lembrando-me como fora quando eu acertara Nakita. Eu estava cansada, cansada de esperar para ouvir algo. A mãe tinha um garotinho com ela também, que estava ocupado causando problemas e provavelmente bravo por sua irmã caçula estar recebendo toda a atenção.

Irritada, a mulher me olhava feio enquanto preenchia uma papelada para conseguir que dessem uma olhada em sua neném com febre. Ela estivera aqui quando eu entrara de supetão, mas uma pessoa inconsciente consegue tratamento antes de um bebê com cólica. Apesar de um pouco da pressa poder ter sido causada por eu ter gritado com as pessoas da emergência.

Eu não calei a boca até que uma policial, que aparentemente estivera me seguindo, entrasse. Eu juro, eu não tinha visto ela no meu retrovisor.

Talvez eu estivesse indo rápido demais, mas tinham se passado só oito minutos para chegar aqui.

Oito minutos aterrorizantes nos quais eu pensei que Josh ia morrer.

Meus pés se arrastaram no carpete gasto, e eu afundei nas almofadas enquanto olhava para a policial falando com a enfermeira de jaleco rosa. A policial de aparência jovem tinha pego a minha carteira de motorista, o que queria dizer que provavelmente meu pai estava a caminho. Eu tentara ligar, mas fora incapaz de me
forçar a deixar uma mensagem que não fosse dizendo que eu estava bem e que estava no hospital com o Josh.

A visão da enfermeira fez meu estômago se apertar de preocupação. Josh fora levado rapidamente após eu ter dito que ele sofrera um colapso na pista. Essa mulher de jaleco rosa foi a primeira pessoa da área médica que eu vira desde então, e ela não me dizia nada. Leis de privacidade estúpidas.

Pelo menos a Grace estava com ele, apesar da anjo não estar muito feliz. Na verdade, ela estava majestosamente Pê da Vida, e eu acho que eles quase me internaram para observação quando eu tive uma discussão sussurrada com ela até que ela desistisse. Ele estava inconsciente e eu não, então ele precisava dela. Dãh.

A voz da policial aumentou, e eu fiquei nervosa quando olharam na minha direção.

As duas mulheres disseram algo ao partirem; a enfermeira foi pelo corredor, e a policial até a mim. Eu não conseguia me lembrar do nome que ela tinha me dado na nossa primeira discussão, mas seu distintivo dizia B. Levy. B de Betty? Bea? Barbie? Nem. Não com aquela pistola em seu quadril.

A Policial Levy parou um pouco perto de mais para o meu gosto, seus sapatos práticos balançando ligeiramente no carpete enquanto ela parava. Meus olhos viajaram para sua calça prensada, cinto, arma presa num coldre, camisa engomada, distintivo, e finalmente para seu rosto.

Ela não parecia velha o bastante para ser uma policial por muito tempo, e me irritava que sua expressão estivesse tentando seu de preocupação maternal. Certo, como se ela tivesse filhos? Eu não achava.

Ela tinha um rosto bonito, contudo, com cabelo curto e loiro cor de areia e olhos avelã, bronzeado e mostrando apenas rugas de preocupação. Ela não dizia nada, e quando ela arqueou suas sobrancelhas, eu desviei o olhar. Ela podia me dar uma multa por direção imprudente e por falhar em parar, mas que tipo de guarda de tráfego escolar avarenta e certinha iria prestar queixas por isso quando eu estava indo para o hospital com um amigo ferido?

“Josh se estabilizou,” ela disse, e meu olhar subiu, surpresa.

“Obrigada,” eu sussurrei, e meus ombros relaxaram. Eu não soubera que eles estavam tensos.

“Eles tinham uma ambulância no festival,” a policial disse enquanto tomava o assento ao meu lado, suspirando quando o peso deixou seus pés e correndo uma mão por seu cabelo. Ela parecia muito impetuosa para ser uma policial. Eu odiava quando as pessoas me chamavam de impetuosa, mas era assim que ela parecia: divertida, energética, e alguém que passava dos limites por um pouco de animação.

“Por que não o levou lá ao invés de pôr em perigo a cidade inteira?” ela acrescentou.

Ela não era nada parecida com os policias que tinham me trazido para casa depois de eu ter violado o horário de recolher durante um furacão de categoria 1* na casa da minha mãe. Falando em drama.
* furacões de categoria 1 geralmente não causam danos estruturais significantes para prédios; contudo, podem derrubar trailers, assim como árvores desraizadas ou cortadas.

“Eu não sabia que tinha uma ambulância,” eu admiti, mas o que eu ia contar a ela?

Que uma ceifadora negra tinha tentado matar Josh e ele precisava de uma enorme atenção médica?

A policial deu risada. “Você dirige muito bem,” ela disse, e lhe dei um sorriso azedo.

“Obrigada.” Eu parei de roçar meu cotovelo onde acertara Nakita quando ela olhou para ele, juntando minhas mãos ao invés. A Policial Levy se sentou mais reta, e eu suspirei. Aqui vem o sermão.

“Chamei seus pais,” ela disse, e eu me virei para ela, alarmada.

“Você ligou para a minha mãe?” eu perguntei, realmente preocupada. Ela iria pirar.

“Não. Seu pai. Você tem um registro preocupante, Madison, para alguém tão jovem.”

Meu registro não me incomodava, já que não era nada ruim como furto em lojas ou assalto a mão armada.

Só violação da hora de recolher e vagabundagem. U-hu! Grande e peluda porcaria.

Aliviada, eu deslizei na cadeira.

“O que eu devia fazer, Policial Levy?” eu perguntei, minha expressão implorando por
entendimento. “O que você teria feito? Então eu dirigi um pouquinho rápido para levar o Josh ao hospital. Eu estava assustada, está bem? Eu achei que ele estivesse morrendo.”

As sobrancelhas da mulher se levantaram. “Eu teria chamado ajuda e ficado com a vítima até que chegasse. Você geralmente não morre de insolação.”

“Se fosse insolação, eles teriam deixado-me vê-lo agora,” eu disse, e ela fez um barulho suave de concordância. O silêncio cresceu, e achando que ela estava esperando que eu dissesse algo, eu ofereci um hesitante, “Lembrarei disso da próxima vez. Chamar ajuda. Ficar com a vítima.”

Mas não havia ninguém na terra que poderia ter me ajudado. Talvez eu não devesse ter dado nenhuma ordem à Grace. Parecia ter varrido quaisquer ordens que Ron tinha deixado com ela, incluindo ir até ele se houvesse problemas com os quais ela não conseguisse lidar.

A Policial Levy ficou de pé para que pudesse parecer severa novamente. “Espero que não haja uma próxima vez,” ela disse enquanto me dava a minha carteira de motorista. “Não vá embora até que eu tenha uma chance de falar com seu pai.”

“Está bem.” Eu peguei o cartão laminado, feliz por ela não querer que eu preenchesse um relatório nem nada. “Obrigada.”

A Policial Levy hesitou. “Tem certeza que não quer me dizer mais nada?”

Escondendo meu susto, eu olhei firmemente para ela. “Não. Por quê?”

Seu olhar permaneceu fixo no meu. “Você tem grama no seu cabelo e terra nas suas coxas.”

Meu olhar vacilou, e eu me recusei a olhar para minhas pernas. Droga!

“Houve uma luta?” ela perguntou, seus olhos estreitando. “Quem mais estava envolvido?”

Desviando o olhar, eu dei de ombros.

A Policial Levy suspirou. “Eu sei que é difícil se adaptar numa escola nova, mas se houve uma luta, eu preciso saber. Você não é uma dedo-duro.”

“Josh não se meteu numa briga,” eu disse. “Ele sofreu um colapso.”

Eu podia ter mentido e dito a ela que caí e fiquei suja enquanto o pegava, mas por que se incomodar?

Ela simplesmente me encarou, e eu encarei de volta. Finalmente ela pressionou seus lábios juntos, e com outros de seus barulhinhos, ela andou até a recepcionista.

A Policial Levy provavelmente ficaria até que pudesse falar com os pais de Josh. Eu esperava que estivesse fora daqui antes que eles aparecessem. Josh era um cara legal, e eu sabia que eles dariam uma olhada no meu cabelo roxo e meus brincos e me classificariam como não sendo boa o bastante para seu garotinho, pensando que alguém como Amy fosse melhor.

Eu bufei, me perguntando quando eu tinha começado a pensar em Josh como do tipo namorado. Nós passamos duas tardes juntas. Confessadamente, elas foram tardes do tipo lute-pela-sua-vida – o que provavelmente iria apenas convencê-lo de não somos feitos para ser um casal.

Meu olhar levantou-se para espiar pelas janelas para a caminhonete de Josh. Eu tinha escondido o amuleto sob o assento dianteiro quando nos livramos das asas negras. Eu não achava que a Nakita iria voltar, mas Kairos podia, e se ele voltasse, ele saberia a ressonância do amuleto da Nakita. O som dos gritos dela foram
horríveis, e eu reprimi um calafrio ao pensar nas asas negras intensamente em mim, como um cobertor de ácido frio comendo as minhas memórias – minha vida.

Com as sobrancelhas apertadas, eu me perguntei o que tinha perdido. O fato delas terem apegado-se à Nakita, ao invés, fora um choque. Foi horrorizante, e eu esperei que ela estivesse bem – mesmo que ela tivesse tentado me matar.

Uma forma familiar em calça jeans e camiseta passando pelas janelas capturou a minha atenção, e eu me sentei, o queixo caindo enquanto Barnabas esperava pacientemente pelas portas automáticas se abrirem.

“Onde você esteve?” Eu exigi quando ele entrou com uma rajada de ar que fez sobretudo cinza ondular.

“Eu saio por um dia–” ele começou, seus olhos escuros contrariados.

“E tudo chega até Hades,” eu disse enquanto ficava de pé, não querendo que ele tivesse a vantagem. “É. Eu estava aqui lidando com isso. Eu estive evitando o Kairos e a Nakita desde ontem!” eu disse com uma potência abafada.

“Nakita?” ele perguntou, claramente não escutando tudo que eu dissera.

“Sim, Nakita,” eu atirei de volta, preocupada. Ela partira com muita dor. Anjos não deveriam sentir dor, mesmo ceifadores negros.

Barnabas sentou na beira do assento de frente para mim e correu uma mão por seu cabelo marrom frisado para domá-lo de algum jeito. Para um ceifador, ele parecia inocente. Especialmente com a camiseta de banda de rock que ele usava.

“Foi você?” ele disse, e eu sentei de volta ao lado dele. “As canções entre o céu
e a terra diziam que ela foi ferida em batalha. Naturalmente Ron pensou em você e me mandou checar. Ele, hãn, quer falar com você.”

Aposto. Miseravelmente, eu me sentei perfeitamente reta na minha cadeira.

Canções entre o céu e a terra?

Eu aposto que isso dá uma surra de vara na CNN.

Barnabas olhou desconfiadamente para mim. “O que aconteceu? Não acredito que você pegou o amuleto dela. Madison, tem que parar de fazer isso. Onde está a sua anjo da guarda? Não ouvimos ela dizendo que havia problemas."

“Isso pode ser culpa minha,” eu disse suavemente. “Eu disse a ela para proteger o Josh, então ela não foi embora para te chamar. Não fique bravo com ela. Eu a mandei fazer isso.”

“Josh?” Barnabas levantou-se abruptamente, “A anjo da guarda deveria ficar com você!”

Ele pareceu chocado, e eu dei de ombros. “Estou consciente. Josh não está. Escolha fácil.”

“Ela deveria ficar com você!” ele exclamou novamente.

Eu fiz um som de exasperação. “Eu disse a ela para vigiá-lo. Ela já salvou a vida dele duas vezes. Kairos tentou matá-lo ontem. O que eu deveria fazer? Deixá-lo? Eu estava bem.” Até as asas negras me acharem. E Grace dizer que eu tinha quebrado meu amuleto. Fantasticamente ótimo.

Barnabas continuou a me encarar com descrença. “Ela te deixou,” ele declarou.
Cripta! Ele ainda está nessa?

“Não por escolha própria,” eu disse, esperando que não tivesse encrencado a
Grace. “Ela não ficou feliz com isso.” Eu hesitei, olhando pelo longo corredor branco.
“Nakita tentou matar o Josh. Eu acho que ela o cortou. Ele ficará bem?”

“Eu não sei.” Barnabas olhou para a recepcionista e para a policial, então reclinou-se com seus braços cruzados sobre seu peito. “O que você fez com a Nakita? Tomar o amuleto dela só limitaria as habilidades dela e a faria ficar brava, não catatônica.”

Nakita está catatônica? Barnabas estava me encarando, e eu estava começando a pensar que fizera algo realmente errado. Claro, ela era uma ceifadora negra, mas deixar asas negras dentro dela foi horrível.

Mesmo que tivesse sido um acidente. “Eu tinha que fazê-la ir embora,” eu disse, mal levantando minha voz acima de um sussurro quando a Policial Levy olhou para nós.

“Eu fiz o melhor que pude. Não é como se eu fosse capaz de tocar seus pensamentos,” eu terminei amargamente.

O rosto de Barnabas ficou obscuro. “Ron te deixou uma anjo da guarda,” ele disse, inclinando-se para frente para curvar-se sobre seus joelhos. “Você devia ter ficado bem.”

“É?” Era difícil, mas eu consegui não gritar a palavra. Dois dias de medo estavam saindo como raiva, e eu não conseguia evitar isso. “Nakita disse que ele me deixou com uma anjo da guarda de primeira esfera. Eu gosto dela e tudo, mas ela não é poderosa o bastante para me proteger contra um ataque concentrado, e Ron
sabe disso.”

A raiva de Barnabas desapareceu em surpresa e ele recuou, observando a mulher e seus dois filhos enquanto eles eram escoltado até uma sala. A enfermeira que os chamara disse à Policial Levy que iria voltar também, e tomando isso como um bom sinal, eu encontrei uma pitada de controle. Eu observei os dedos de Barnabas
se abrirem, pensando que eram um pouco longos demais para os de um humano.

“Josh sabe que você está morta?” ele perguntou, e eu assenti, incapaz de tirar os olhos do tapete. Eu não devia tê-lo envolvido, mas a escolha desapareceu quando asas negras começaram a segui-lo.

“Eu tive que contar a ele,” eu disse. “Asas negras estavam caçando ele, mas enquanto eu estivesse com ele, ele estava bem. Eu fiz a minha anjo da guarda ficar com ele ontem a noite. Ele não teria sobrevivido de outro jeito.” E agora ele estava no hospital. Muito bem, Madison.

Um pular de sombras capturou a minha atenção, e eu levantei minha cabeça para encontrar Ron simplesmente parado ali, parecendo quase triste com suas mãos entrelaçadas perante si mesmo.

O sol que entrava brilhou em seus cachos presos e grisalhos, e seus olhos estavam de um azul acinzentado enquanto ele notava minhas meias amarelas e saia roxa. Seus olhos tinham estado castanhos ontem. Eu não achava que cinza era um bom sinal. Todo vez que eu o via, ele estava chateado comigo.

“Madison,” ele disse, e a quantidade de fatiga saturada no som do meu nome me assustou.

“Sinto muito,” eu disse, assustada.

"Sei que sente.” Ele espiou a mesa de recepção vazia antes de se aproximar, seus chinelos silenciosos no tapete. “Faz mais de dois mil anos desde que um anjo retornou de uma batalha sem uma espada e inconsciente. Você tem alguma ideia do que é preciso para fazer isso?”

Miseravelmente, eu me encolhi de volta nas almofadas finas. “Asas negras prenderam nela?” eu ofereci hesitantemente. Deus me ajude, mas foi um acidente!

A tomada de Ron foi alta, e Barnabas fez um barulho de surpresa. Eu não conseguia olhar para cima, com medo do que poderia encontrar.

“Como a Nakita ficou com asas negras dentro dela?” Ron perguntou, cada palavra vagarosa e precisa.

Minha cabeça levantou e eu descobri que a expressão de Ron era de tristeza. “Eu, hm, acidentalmente as coloquei lá?” eu disse, odiando o jeito que minha voz subiu no final.

“Perdão?” Ron disse, a frase soando estranha vinda dele.

Barnabas balançava sua cabeça. “Isso é impossível. Asas negras não podem machucar ceifadores. Ela deve estar confusa sobre o que realmente aconteceu.”

Isso era insultante, e eu fiz um som de ira. “Não estou. Eu sei o que aconteceu,” eu disse, achando as palavras mais fáceis de se dizer do que eu achei que seriam. “Grace disse que quando eu ficava invisível, eu me dissociava do meu amuleto. Foi isso o que atraiu as asas negras, e quando Nakita caiu através de mim, as
asas negras grudaram nela, ao invés."

“Grace?” Ron perguntou, seu rosto redondo apertado com preocupação. “Quem é Grace?” Sua expressão tornou-se dolorosa. “Você a nomeou? Madison, você não nomeou sua anjo da guarda, nomeou?”

Comparado a deixar asas negras dentro de uma anjo para comê-la de dentro para fora, nomear Grace parecia uma coisinha de nada. “Eu quebrava as linhas da conexão com o meu amuleto só no presente, não aqueles me empurrando para o futuro,” eu expliquei, tentando me fazer soar menos tola do que eu sentia, e eu quase conseguia ver o Ron deslocar eixos mentais para entender o que eu dizia. Por fim, eu acho que foi por isso que ele pareceu repentinamente horrorizado.

Barnabas, contudo, não estava muito impressionado. “O que isso tem a ver com asas negras?” ele perguntou.

“Nakita ia ceifar o Josh, mesmo ela me tendo. Eu não conseguia afastar a gadanha dela a não ser que ficasse invisível. Eu tinha que achar alguma maneira de me proteger e nenhum de vocês estava por perto,” eu disse, implorando por entendimento. “Eu não sabia que as asas negras iriam grudar nela, ao invés. Ela é uma ceifadora! Asas negras não deveriam machucar ceifadores!”

A cabeça de Ron estava indo para trás e para frente em negação. “Não é assim que fica invisível. Madison, você não estava curvando a luz ao seu redor; você estava quebrando sua conexão ao seu amuleto, como se não tivesse realmente usando-o. Morta sem conexão com a vida. Uma alma andante sem um corpo. Não é de se espantar que você atraiu asas negras. Elas estavam... em você?”

Grace dissera que era perigoso. Eu devia ter escutado-a.

“Nakita ia matar o Josh e me levar ao Kairos. Eu achei que se pegasse sua espada, ela pelo menos não conseguiria matar o Josh. Mas quando eu fiquei invisível para pegar o amuleto dela, duas asas negras caíram em mim.”

Medo me fez estremecer. “Doía. Acho que perdi algo de mim mesma.” Eu pausei enquanto a lembrança delas comendo meu passado emergiu novamente. Eu abri minhas mãos enquanto pensava na Nakita e como devia ter sido ter duas daquelas coisas dentro dela. “Realmente doía, Ron. Eu fiquei invisível novamente para tentar tirar sua espada, e elas meio que prenderam nela quando ela caiu através de mim.”

Eu olhei para cima, minha visão navegando. “Eu só queria que ela fosse embora,” eu terminei miseravelmente. Droga, eu não ia chorar.

Barnabas tinha se afastado como se eu fosse uma cobra. “E quanto ao amuleto da Nakita?” ele perguntou.

“Como que o amuleto dela não te manteve presa?”

“Porque eu cortei esses fios também,” eu disse. “Eu tomei posse de sua espada, não do seu amuleto, e ela me deu controle o bastante para quebrar os fios sem me fritar.”

Barnabas ficou de pé, seu rosto pálido. “Ron,” ele disse, olhando para mim. “Ela quebrou a influência que o amuleto da Nakita tinha sobre ela enquanto a ceifadora ainda o usava! Quantas provas mais você precisa? Eu acredito em escolha, como você, mas isso é errado! Olhe o que aconteceu. Madison está–”

“Ótima.” Ron tomou minhas mãos e mudou minha atenção de Barnabas. Seu rosto redondo estava sorrindo confiantemente, mas seus olhos estavam mortos de preocupação. “Ela está ótima.”

“Nakita disse que você pegou uma de primeira esfera para observá-la,” Barnabas interrompeu, a raiva colorindo seu rosto. “Está claro o por quê. Você sabe que isso é um erro. É errado, e você sabe disso!”

O homem mais velho olhou feio para Barnabas, seu aperto em mim se intensificando. “Não tenho que me explicar a você. Eu chamei uma de primeira esfera porque eram pouquíssimas as chances de algo acontecer, e eu não queria propagandear que algo estava errado.”

“Errado.” Barnabas o encarou diretamente, e a expressão de Ron ficou feio. “Você admite, então.”

“Barnabas, dá pra calar a boca?” o mestre do tempo exclamou, e Barnabas abaixou sua cabeça, frustrado.

Eu fiquei sentada ali, estupefata. Era a segunda vez que eu vira Ron cortar as palavras de Barnabas, primeiro no estacionamento da escola, e então aqui. Algo não estava certo.

O que eu tinha feito?

“Ron,” eu disse, assustada, “Sinto muito. Só estava tentando manter Josh e eu mesma a salvos. Ela o cortou. Ele vai ficar bem?”

O timekeeper pareceu notar pela primeira vez onde estava. Me dando um olhar infeliz, ele balançou sua cabeça, mandando um temor por mim. “Nakita tem em mãos a vida dele. Ela escolhe se ele vive ou morre.”

Ah Deus, eu o matei, eu pensei, o pânico quase paralisando. Eu tinha que falar com a Nakita.

“Há esperança,” Ron acalmou enquanto meus pensamentos reviravam-se, mas não havia conforto no toque dele no meu ombro.

Ao invés, um aviso se levantou em mim. Atrás de mim, Barnabas fumegava.

“Vou continuar a falar em seu benefício,” Ron disse, como se a provável morte de Josh fosse triste, mas insignificante.

“Eu estou mais preocupado é com você. Dissociar-se de seu amuleto como fez devia ter sido impossível. Você estando morta provavelmente computou para a sua habilidade de fazê-lo. Mesmo assim, estou certo de que você danificou seu amuleto. Não faça isso novamente. Uma parte disso é culpa minha. Eu devia ter observado o seu progresso, mas Barnabas não me disse que você estava tendo problemas.”

Ele não se importava com o Josh. Não mesmo. Alerta estava espesso dentro de mim, e eu me desvencilhei de seu aperto. E por que ele estava culpando o Barnabas? Barnabas dissera que era meu amuleto que me impedia de tocar pensamentos, não minha falta de habilidade ou falta de tentativa - e Ron deveria saber disso. Ele escondia algo.

“Grace disse que eu o quebrei,” eu disse cautelosamente, mas eu não iria puxá-lo
de trás da minha camiseta para mostrar a ele.

Atrás de Ron, Barnabas ficou duro e tenso. Eu vi um vestígio de anjo vingador nele enquanto seus olhos prateavam.

“Vou para casa,” ele disse para Ron, dor aparecendo em sua testa. “Eles me deixarão entrar. Eles terão que. Tenho que lhes contar sobre as asas negras. Eles podem tirá-las dela.”

Casa? Eu pensei. Tipo, céu? Por que eles não deixariam-no entrar? Ele não era simplesmente terrestre, mas banido do céu? Exatamente quem eram os vilões aqui?

Medo deslizou por mim como uma faca, nascido da realização repentina que tudo que eu achava que era verdade provavelmente não era.

“Barnabas, cale a boca,” Ron disse enquanto levantava-se entre nós, menor do que Barnabas, mas letalmente sério. “Eu avisarei, e Nakita ficará bem. Eles não te deixarão voltar, e eu tenho trabalho a fazer. Fique com a Madison. Tente mantê-la longe de encrenca. E mantenha sua boca calada!”

Seus olhos estavam quase pretos, carregando uma mistura de raiva frustração, e... incerteza.

“Você me entendeu? Não posso consertar isso se você interferir. Mantenha sua boca... calada.”

A imagem de Nakita arqueada em dor, asas brancas esticadas para o alto enquanto ela gritava, subiram à minha memória. Eu tinha machucado um dos anjos do céu.

Quem era Barnabas? Com quem eu tinha passado as minhas noites no meu telhado?

Assustada, eu observei Ron marchar para fora do prédio, desaparecendo enquanto encontrava o sol. Me virei para Barnabas, encolhendo-me de volta quando ele fez um som de raiva e caiu pesadamente na cadeira ao meu lado, sua testa enrugada e sua expressão zangada. Ele não se moveu. Nenhuma inquietação ou piscada.

“Ela estava tentando me matar,” eu disse. “Ela estava tentando matar o Josh! Ela ia–”

“Te levar para o Kairos. Você disse isso,” ele disse abruptamente. Havia uma nota de medo nele. Não era medo de mim, mas medo por si mesmo. Ele não ia calar a boca como Ron tinha lhe dito, e eu estremeci.

“Tantas religiões, Madison,” ele disse, “mas só um lugar de descanso, e ela iria te colocar exatamente de volta naquele caminho do qual você escapara quando clamara o amuleto de Kairos.”

“Nakita não é do inferno,” eu adivinhei, sabendo que meu rosto estava branco. “Você é.”

Barnabas levantou-se imediatamente.

“Eu? Não,” ele disse, ficando vermelho como se envergonhado. “Não do inferno. Eu nem mesmo sei se há tal lugar, fora o que fazemos para nós mesmos. Mas eu não sou do céu... não mais. Eu fui embora porque discordava com o destino dos serafins. Eles não me aceitam de volta. Eles não aceitam de volta nenhum de nós, ceifadores brancos.”

Com a mandíbula apertada, ele exalou, colocando uma mão em sua cabeça e esfregando suas têmporas.

“Eu devia ter te contado, mas é envergonhante.”

“Mas você é um ceifador branco!” eu disse, confusa. “Branco é bom; negro é ruim.”

Ele olhou feio para mim. “Branco é para escolha humana, facilmente vista. Negro é para o destino escondido dos serafins, nenhuma chance de compilação.”

“Ah! Teria sido bom saber disso!” eu gritei. “Como ninguém se importou de me dizer isso?!” eu acrescentei, frustrada, assustada, e um pouco aliviada por Barnabas não ser do inferno, só ter sido chutado do céu. Havia uma diferença, certo?

A recepcionista espiou da entrada, desaparecendo quando decidiu que eu estava chateada por causa do Josh, não por causa de um mal-entendidozinho sobre branco e negro.

Os pensamentos de Barnabas estavam claramente em outro lugar. “Não entendo o que o Ron está fazendo,” ele disse para si mesmo, o olhar distante, e alheio a eu estar tendo um ataque.

“Eu acredito em escolha, mas depois do que aconteceu, não sei. Você é uma pessoa legal, Madison, e eu gosto de você, mas você colocou asas negras na Nakita. Isso é... uma coisa terrível. Talvez os serafins estejam certos. Talvez você precise ir pra onde você pertence. Talvez destino tenha um lugar no mundo. Lutar contra ele só piora as coisas.”

Onde eu pertenço? Ele quer dizer, tipo, em casa com o meu pai, ou, tipo, morta? Eu engoli em seco. Não fora eu quem fora chutada do céu. “Foi um acidente.”

“Foi um acidente você trabalhar para aprender como ficar invisível?” ele perguntou honestamente. “Foi um acidente você ter usado esse conhecimento para quebrar a influência que o amuleto de Nakita tinha sobre você? Foi um acidente que ela caiu através de você? Ou foi o destino?” Sua cabeça lentamente balançou para frente e para trás, os cachos escuros mudando.

“Eu devia ter percebido o que Ron estava fazendo mais cedo.” Seus olhos se estreitaram. “Eu ainda não acredito nisso. Eu não queria acreditar.”

Minha boca estava seca. Exatamente o que Ron estava fazendo? Barnabas sabia algo que eu não sabia, e por Deus, eu ia descobrir.

“Barnabas,” eu comecei, mas o telefone na recepção zumbiu e a enfermeira voltou
para atendê-lo. Ela me deu um sorriso encorajador quando se sentou, me dizendo que Josh estava bem. Ou pelo menos não piorando.

Distraída, eu me assentei de volta na minha cadeira, e, ouvindo uma folha seca ser triturada, eu a tirei do meu cabelo. Eu a segurei por um instante, então a coloquei na mesa mais próxima. Eu realmente queria saber a verdade? É. Eu quero.

Eu observei a linha que o sobretudo de Barnabas fazia contra o banal tapete enquanto eu aumentava minha coragem, me perguntando se o casaco eram suas asas disfarçadas.

Minha mente deslocou-se de volta para Ron arrastando Barnabas para longe de mim no estacionamento da escola, e então para agora, quando Ron alertou Barnabas a manter sua boca calada para que ele pudesse consertar as coisas, a sensação horrível da mão de Ron em mim enquanto ele tentava me confortar.

“Barnabas,” eu sussurrei, “o que Ron não está me contando?”

Olhando para cima, eu vi sua mandíbula travar. “Não é da minha conta.”

Medo fez meu coração dar uma pancada, mas então parou. “Você quer me contar. Você tentou no estacionamento da escola, e agora eu vejo que você quer me contar agora. Se acredita em escolha, me conte para que eu possa fazer uma boa escolha.”

Seus olhos se levantaram, caindo primeiro no meu amuleto, então nos meus olhos, e eu estremeci.

“Ron está escondendo quem você é dos serafins para que ele possa mudar o equilíbrio entre destino e escolha ao te enganar,” ele disse sem rodeios. “É isso que eu acho que ele está fazendo.”

“Ele disse que estava falando com eles!” eu briguei, então hesitei. “Me enganando? Por quê?”

Com os olhos fixos nos meus, Barnabas silenciosamente disse, “Você é a nova timekeeper, Madison. A negra.”

Eu pestanejei. “Não sou,” eu disse agressivamente.

Mas ao invés de brigar comigo, ele sorriu amargamente.

“Te disse que havia uma razão para não conseguir tocar meus pensamentos,” ele disse, seu olhar alinhando no meu amuleto.

“Você tem o amuleto de um timekeeper negro. Se fosse ao contrário, nossas ressonâncias seriam próximas o bastante para que pudéssemos falar, mas elas estão em pontas opostas do espectro. Ron sabe disso. Ron sabe de tudo. Ele simplesmente não está dizendo nada.”

Me abaixando, eu toquei a pedra negra, então a derrubei. “Talvez não funcione porque estou morta.”

Barnabas se virou, e seu peito levantou e caiu com um suspiro pesado. “A única razão para você ter tido sucesso em clamar o amuleto de um timekeeper é porque você é uma.”

“Não!” eu exclamei. “Eu fui capaz de clamá-lo porque sou humana.”

Ele balançou sua cabeça.

“Você podia tocá-lo porque era humana, mas você o clamou porque é quem é.
Você continuou e se ensinou como se dissociar dele e ainda segurá-lo. Você controlou a Grace, deu-lhe um nome que a prendeu e quebrou a ordem que Ron colocou nela. Você é uma timekeeper aspirante, Madison, uma das duas pessoas nascidas nesse milênio com a habilidade de sobreviver à curvatura do tempo."

Eu o encarei, pânico começando a subir pela minha espinha. Eu? Uma timekeeper negra? Eu não acreditava em destino. Ele tinha que estar errado. “O Ron disse isso?” eu sussurrei.

Ele deslocou seus pés com seus tênis imundos e se aproximou. Inclinando-se sobre seus joelhos, ele me olhou debaixo de seu esfregão de cachos.

“Não,” ele admitiu, e eu exalei em alívio. “Mas você é. Madison, timekeepers são mortais por uma razão. A terra muda, as pessoas mudam, os valores mudam. Pedir para um humano que nasceu no tempo das pirâmides que entenda alguém que não dá valor que o homem consiga ver a terra do espaço não é razoável, e então quando a mudança derrama-se sobre si mesma na pressa de acontecer, novos timekeepers assumem.”

Ele olhou para a recepcionista e se aproximou mais. “Eu já vi isso antes, como o girar de uma roda. Timekeepers aspirantes são encontrados e ensinados, aprendendo até que o amuleto seja passado e o antigo timekeeper continue a envelhecer, partindo do ponto onde sua vida foi interrompida pelo divino. Você estar
morta complica as coisas, mas é isso que você é.”

“Não sou não!” eu protestei. “Sou simplesmente eu. E mesmo que eu fosse uma timekeeper, eu não seria a timekeeper negra. Não acredito em destino. Eu simplesmente peguei a pedra do Kairos para permanecer viva!"

Franzindo a testa, Barnabas lançou um olhar para a recepcionista ocupada.

“Tomá-lo pode ter sido uma escolha, mas o destino a colocou ali para fazê-lo. Se você fosse uma gadanhada inocente, Ron teria te dado para os serafins naquele primeiro dia. Mas ele não deu.”

O franzir de testa de Barnabas se intensificou. “Eu deveria ter sabido, mas eu nunca adivinhei que ele seria tão baixo em te esconder com mentiras.”

“Ron disse que contou aos serafins sobre mim, para pedir-lhes para me deixar ficar com a pedra,” eu disse, estupefata. “Se ele não falou, por que eu ainda a tenho?”

“Porque o Kairos não disse a eles que você a tem, tampouco.”

“Por quê?” eu perguntei. Eu não conseguia pensar. Eu estava entorpecida. Eu precisava de uma resposta, e eu não conseguia entender o bastante para adivinhá-la sozinha.

Barnabas deslocou-se em sua cadeira, puxando seu casaco ao seu redor. “Suponho que Kairos quer você destruída para que não tenha que abdicar de seu lugar, e se os serafins descobrirem que você existe, mesmo morta como está, eles o forçarão a aceitar sua vontade. Só se você for destruída eles ficarão obrigados a deixá-lo permanecer como timekeeper negro pela virada do tempo."

Kairos viveria para sempre. Imortalidade – uma corte mais alta. Foi por isso que ele me matou, então veio atrás de mim. Ele queria destruir a minha alma por completo. Pânico começou a subir novamente.

“Não. Você está enganado. Eu simplesmente tenho o amuleto errado,” eu disse. “Eu só preciso devolvê-lo. Eu preciso devolver o amuleto da Nakita também,” eu tagarelei enquanto Barnabas caia pesadamente para olhar para o teto.

“Diga a ela que sinto muito. Talvez ela deixará Josh viver.”

“Se a Nakita te achar, ela te levará até o Kairos,” Barnabas disse para o teto. “Se lamentar não irá mudar nada. Você já clamou o amuleto do timekeeper negro. Você é uma, Madison. Para que Kairos clame-o de volta, sua alma tem que ser destruída! Só um ou o outro pode ser o timekeeper negro.”

Eu me senti tonta. Tinha que haver um jeito de se livrar disso. “Um ou o outro? Acho que não,” eu disse, minha cabeça doendo. “Posso me dissociar do meu amuleto. Talvez a razão pela qual eu consigo fazer isso é porque não pertence realmente a mim. Já pensou nisso? Se eu puder dâ-lo completamente para o Kairos, então talvez eu seja a timekeeper branca ascendente.”

O pé de Barnabas parou de pular para cima e para baixo, e ele se virou a mim, considerando isso.

“Ron disse para não se dissociar do seu amuleto.”

Eu estremeci, ofegante com esperança. “E Ron esteve mentindo para mim – para nós. Eu digo para arriscar. Barnabas, não sou a timekeeper negra ascendente!”

Pensando, eu desviei o olhar de sua expressão intensa.

“Preciso falar com Kairos,” eu resmunguei. “Onde ele mora?”

A mandíbula de Barnabas caiu. “Você não vai falar com o Kairos!” ele disse. “E, além do mais, eu não sei.”

O anjo caído virou-se em sua cadeira para me encarar, levantando uma perna na almofada. “Madison, mesmo que você seja a timekeeper branca ascendente e possa dar o amuleto dele de volta, Kairos destruirá sua alma de qualquer jeito para deslizar o equilíbrio das coisas para o lado dele.”

Não podia me dar o luxo de pensar desse jeito.

“Ele é mortal, então vive na terra, certo?” eu perguntei, ficando de pé e olhando para a mesa de recepção vazia. “Se o Kairos quer seu amuleto, ele vai ter que me dar meu corpo,” eu disse, dando um peteleco no amuleto, pesado ao redor do meu pescoço. “Aposto que a Nakita sabe onde ele mora. Ela está bem? Conseguiram tirar as asas negras dela? Você pode ouvir as canções entre o céu e a terra. O que estão dizendo?”

Barnabas permaneceu onde estava, olhando para mim por debaixo de seu cabelo cacheado em descrença.

“Madison,” ele protestou.

“Ela está bem?” eu disse alto, mão no quadril. “Pode ligar para alguém? Vamos! Qual a razão de ser um ceifador se não faz nada?”

Seus olhos estreitaram em mim por um instante em irritação; então um sorriso curvou os cantos de seus lábios. “Ela está bem,” ele disse, e um nó relaxou no meu interior. “Mas é uma ideia ruim.”

Eu o puxei para cima, surpresa por ele ter se movido tão rapidamente. “É, mas é uma ideia. E se eu sou uma timekeeper ascendente, então vou ser sua chefe algum dia. Vamos. Me ajude a achar a Nakita.”

Barnabas afundou nos calcanhares, e sua mão foi puxada da minha enquanto eu continuava um passo sem ele. “Você não vai ser a chefe de ninguém se estiver morta,” ele disse ironicamente.

“Tenho que me desculpar,” eu disse, esticando-me para a mão dele e puxando-o por mais um passo. “E dar-lhe seu amuleto de volta. Talvez se eu o fizer, ela deixará Josh viver. Talvez seja por isso que ela não o tenha matado. Ela está me esperando.”

Um franzir de testa enrugou sua testa. “Você quer dar um amuleto para um ceifador negro. Você está ao menos se escutando?”

“É dela,” eu disse. “Qual o problema?”

“Ron vai pirar. Ele vai tirar o meu amuleto de qualquer jeito,” Barnabas resmungou enquanto olhava para o estacionamento com preocupação. “Não devia ter te contado.”

Coloquei uma mão no meu quadril, vendo cada segundo como mais um momento que a vida de Josh ainda estava pendurada por um fio.

“Você sabe que fez bem. Não estou pedindo para você me deixar. Se Ron tomar seu amuleto, te farei outro. A não ser que essa seja uma outra mentira e eu seja apenas pobre ignorante que foi confundida nisso e não é uma timekeeper ascendente."

Cara, eu estava feliz pela recepcionista ter ido embora.

Ainda assim ele vacilava. “Por que está escutando o Ron?” eu exclamei, frustrada.

“Ele sabia o que eu era e não me contou. Ele te disse para me ensinar algo que sabia que eu não conseguia fazer. Dá pra simplesmente me ajudar?! Tenho que tentar salvar o Josh. Tenho que tentar me salvar. Posso ser eu mesma novamente!”

Os olhos castanhos de Barnabas procuraram os meus. “Você sempre foi você.”
Eu recuei, não sabendo o que ele ia decidir. “Vai me ajudar?”

Ele ficou de pé atrás de mim, seu sobretudo deslocando em seus calcanhares enquanto seus pés arrastavam-se.

“Você vê uma escolha aqui?”

Minha cabeça inclinou-se para cima e para baixo. “Vejo uma oportunidade.” E um jeito de cair fora daqui antes que meu pai ou os pais de Josh apareçam.

Barnabas olhou o estacionamento e o pôr-do-sol, fazendo careta. “Não acredito que vou fazer isso,” ele disse.

“Vai me ajudar?” eu disse ofegante, assustada e exaltada tudo ao mesmo tempo.

“Vou ficar tão encrencado,” ele disse como se para si mesmo, e juntos nos voltamos para as portas duplas.

“Posso te levar para um local seguro. Nakita não pode te machucar lá. Apesar de eu não achar que vá fazer bem algum.”

“Obrigada,” eu disse enquanto nós andávamos pelas portas decididamente, meu estômago agitando-se.

Eu convenceria Nakita a me dar a vida do Josh por um pedaço podre de pedra, então faria o mesmo com Kairos pela minha vida.

Simplesmente me observe.

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