domingo, 4 de março de 2012

Doze

Eu flexionei meus músculos e fechei meus olhos com força quando os picos verdes da floresta se aproximaram. Eu não queria observar enquanto Barnabas fechava suas asas entre nós e mergulhava em uma pequena abertura no dossel. Meu estômago mergulhou e caiu. Houve uma breve precipitação de vento nas folhas, e o ar resfriou. Eu abri meus olhos enquanto descia para desviar de uma árvore e pousou forte e repentinamente em um tronco coberto de musgo. Ele começou a desmoronar, e eu pulei para fora enquanto ele se desintegrava com um silêncio suave.

Meu cabelo embaraçado cobriu meu rosto quando Barnabas deu um empurrão para trás uma vez com suas asas para parar seu impulso. Na hora em que me virei, ele estava parado atrás do tronco, suas asas tinham desaparecido e seu casaco estava cobrindo seus ombros estreitos. Preocupação apertou seus traços, claros até mesmo na obscuridade, e eu olhei para o dossel. As árvores eram grandes e os arbustos quase inexistentes.

Greda macia amorteceu meus pés, e eu apertei meus braços ao meu redor, sentindo a umidade. Colinas pontilhavam o espaço sem padrão algum que eu pudesse ver.

Elas pareciam com... sepulturas.

"Onde nós estamos?" eu disse enquanto dava um passo desajeitado sobre o tronco para ficar mais perto de Barnabas.

"Um pedaço do chão," ele disse suavemente. "A terra se balançaria para sentir o toque de um serafim, mas há alguns lugares onde o chão é forte o bastante, e no passado, imortais os usaram para conduzir negócios na terra. Os círculos além do mar têm pedras enormes os marcando, mas aqui, onde as pessoas viviam harmoniosamente com a natureza até serem expulsos, são marcados com colinas que abrigam subornos para os anjos para deixar a eles e a seus filhos em paz." Ele se virou para mim, e eu tremi com seu olhar repentino e alienígena. "É um lugar neutro. Se sangue é derramado aqui, um serafim virá.

Nakita não vai querer isso."

Eu escaneei a floresta descoberta, sentindo minha pele pinicando. "Parece estranha."

"Parece, não parece?"

Não havia nada a se ouvir exceto o vento nas folhas mais altas. "Como digo a Nakita que quero conversar?"

Barnabas silenciosamente se afastou de mim, movendo-se uns bons seis metros de distância para que a assinatura de seu amuleto não misturasse com a minha. Com os olhos nas árvores escurecendo, ele disse, "Imagino que ela está te procurando. É melhor ter certeza disso."

"Eu tenho," eu disse confiantemente, mas por dentro eu estava preocupada. Eu estava exposta, minha alma cantando para aqueles que podiam ouvi-la, tocando como um sino, fazendo uma mancha de luz que Nakita podia seguir. Meu maxilar cerrou-se quando asas negras voaram silenciosamente pelo espaço entre o chão e as árvores, mas então decidi que era na verdade um corvo. Olhei para cima, minha atenção atraída por algo invisível.

Barnabas deslocou seus pés, e um galho quebrou. "Também senti," ele sussurrou.

Engoli em seco. "O que é?"

Seus olhos se moveram lentamente para frente e para trás. "Não sei. Parece um ceifador, mas com medo. Como um humano."

O olhar de Barnabas lançou-se para trás de mim. "Madison! Abaixa," ele gritou, e eu caí para frente desleixadamente, ficando com meu rosto cheio de greda terrosa. O peso de uma pedra rolou pelas minhas costas, e então se foi.

Olhei para cima, cuspindo meu cabelo e sujeira da minha boca.

Com asas tão brancas que brilhavam no anoitecer, Nakita veio à terra, girando para que seus pés mal tocassem o chão antes que suas asas desaparecessem como uma memória.

"Você está bem!" eu gritei, pensando que fora uma das coisas mais estúpidas que eu já dissera.

"Os serafins mentem para mim também," a ceifadora rosnou, medo e raiva retorcendo seus traços que já tinham sido lindos. Eu não fazia ideia sobre o que ela estava falando, e eu a encarei inexpressivamente.

"Nakita, espere!" Barnabas gritou enquanto disparava para ficar entre nós. O ceifador branco lançou-se para trás quando um brilho de aço cortou. Os braços de

Nakita estavam estendidos e suas costas curvadas enquanto ela atacava novamente.

Eu arfei enquanto esticava minhas mãos para um aviso inútil, mas a própria lâmina de Barnabas encontrou a espada dela, puxada do para sempre e do nada, e eu estremeci enquanto o som parecia ecoar e fazia as árvores tremerem. Kairos deve ter lhe dado um novo amuleto.

Ela não precisava do que eu queria devolver para ela.

Sua espada tinha uma pedra negra agora, e a joia na lâmina de Barnabas tinha se deslocado para mais baixo no espectro, brilhando um amarelo glorioso. A de Nakita parecia morta, um preto chapado.

"Madison quer apostar," Barnabas disse enquanto segurava a arma de Nakita imóvel contra a sua própria.

"Embainhe sua lâmina neste local sagrado."

Nakita sorriu, a determinação em seu rosto assustadora.

Ela não parecia nada consigo mesma, vestida em um traje branco que era o gêmeo do manto de Ron. "Eu preciso dela," ela disse, sua voz musical enquanto subia e caía. "Você a trouxe. Ela é minha."

Barnabas deu um passo para trás, e o zumbido em meus ouvidos cessou quando as lâminas deles não se tocavam mais. "Ela trouxe a si mesma. Ela quer se desculpar. Não escutar te desonraria."

Com um floreio, Nakita de um passo para trás, selvagem e extravagante enquanto gesticulava para que eu falasse. Eu não achava que ela ligava para o que eu poderia dizer, mas era minha única chance.

Assustada, eu a encarei com Barnabas no meu cotovelo. "Nakita, sinto muito,” eu disse, minhas palavras desaparecendo na obscuridade do anoitecer. "Eu não sabia que as asas negras ficariam em você. Eu só estava tentando impedi-la de matar o Josh. Eu trouxe o seu amuleto de volta," eu disse, minha mão tremendo enquanto eu a esticava. "Não é um suborno, mas por favor deixe Josh viver."

Seu rosto se retorceu em uma careta, mas ela pegou seu amuleto quando eu o joguei para ela, enfiando-o em seu cinto. "Kairos me dá meu amuleto, não você," ela disse. "E preciso menos da sua pena do que eu preciso das suas desculpas. Os serafins dizem que estou perfeitamente bem. Eu sou perfeita!" ela gritou para o céu, então se virou para mim, ofegando e com olhos selvagens. "Mas eles mentem."

Barnabas me puxou para trás. "Precisamos ir embora. Ela está arruinada. Isto não vai dar em nada."

"Estou arruinada, também," eu disse, pensando na minha vida interrompida, e sai de perto de seu aperto. "Nakita, você levaria uma mensagem para Kairos por mim? Ele tem o meu corpo. Eu o quero de volta. Eu lhe darei seu amuleto por ele se ele prometer me deixar em paz. Eu só quero ser do jeito que eu era. Por favor. Estou cansada de ter medo."

Na palavra medo, ela estremeceu, e um brilho de ar atrás dela mudou para mostrar suas asas arqueando sobre ela, maiores do que parecia ser possível, as pontas das longas penas tremendo. Eles podem ter tirado as asas negras dela, mas deixaram dentro dela algo que um ceifador nunca fora criado para entender. Medo.

E tinha vindo de mim. Minhas memórias.

"Não sou o seu anjo mensageiro," ela disse amargamente. "Mas vamos até o Kairos. Você é uma ladra. Uma mentirosa. Com o seu corpo e sua alma e minha gadanha, ele pode me transformar no que eu era. Como tudo era. Ele prometeu!"

Kairos ainda tem o meu corpo. Obrigada, Deus.

"Você não vai levá-la," Barnabas disse, alheio ao fato da Nakita ser agora cem vezes mais perigosa. Ela tinha o poder dos anjos clivado com a vontade da humanidade. Medo e um conhecimento da morte tinham lhe transformado dessa maneira. Eu a tinha transformado dessa maneira.

"Ela é minha enquanto estiver aqui." Caindo em uma posição encurvada, Nakita arrastou sua nova espada para frente, a ponta cortando o chão para fazer o musgo se separar como uma ferida.

Eu balancei minha cabeça, recuando. "Nakita, me escute. Eu só quero meu corpo de volta, vivo e ileso. Ele não tem que destruir a minha alma pelo amuleto. Eu posso me dissociar dele."

Ela se endireitou enquanto uma risada, cruel e horrível de ouvir, explodiu dela.

Barnabas deslocou-se para mais perto de mim em apoio. "Kairos precisa de você morta para me deixar completa novamente," ela disse.

"Barnabas, saia do meu caminho, ou você vai ser o primeiro."

"Você não ousaria." Barnabas me empurrou para trás de si enquanto Nakita puxava sua espada da terra e casualmente limpou a sujeira dela em sua perna. "Um serafim virá. Você não vai arriscar."

"Por que não?!" Nakita berrou, então recuou um passo, de olhos arregalados. "Eu não tenho nada, Barnabas!" ela gritou. "Você sabe o que é temer? Vou rir se um serafim me assassinar por violar um dos seus lugares na terra. Pelo menos acabaria e eu não teria que ter mais medo!"

Barnabas não entendeu, e sua testa se franziu. "Medo?"

Um barulho feio veio de Nakita, baixo, quase um rosnado. Ele filtrou o meu cérebro e me paralisou. E então ela se deslocou.

Eu sufoquei um grito enquanto ela se lançava até Barnabas, asas brancas se desenrolando atrás dela.

Barnabas caiu de joelhos, suas próprias asas cinzas espalhadas enquanto ele arremessava-se para trás, para o ar.

Eu recuei, lutando para me proteger. Um vento forte agitou as folhas do chão da floresta. Um retinir de aço feriu meus ouvidos. Eles estavam trancados, os braços esticados, Barnabas de pé, suas asas batendo para encontrar a força para empurrar Nakita de volta.

"Eu a terei!" Nakita gritou enquanto suas asas batiam selvagemente, e ela tentou pressionar Barnabas no chão somente com sua vontade. "Eu não serei desse jeito! Não posso!"

Barnabas deu um chute para empurrá-la para longe. Asas cinzas e brancas bateram nas árvores. Prata brilhou na obscuridade enquanto Barnabas mergulhava para frente, sua desvantagem clara.

Ele não queria derramar sangue. Nakita não ligava, e ela bateu selvagemente em Barnabas, o ceifador branco reagindo contra cada golpe mais lentamente do que ao último. A ceifadora negra estava lutando com um desespero selvagem que só humanos possuíam, e estava começando a fica óbvio para Barnabas.

Uma sensação pesada sobre o meu pescoço me chocou, e agarrei meu amuleto, sentindo como se a terra tivesse desaparecido sob os meus pés. Alguém ... alguém estava tentando usá-lo! E quando Nakita gritou, eu sabia que era ela tentando duplicar o que eu tinha feito para ficar invisível.

Ela estava longe demais para o meu amuleto deixá-la sólida, mas a de Barnabas não estava.

Com um grito selvagem, Nakita golpeou sua espada na lâmina de Barnabas, derrubando-a dele. O amuleto ao redor do seu pescoço resplandeceu e ficou imóvel. Ele estava indefeso. Com a boca aberta em um uivo, Nakita pulou diretamente para ele. Barnabas se preparando para um impacto que nunca chegou enquanto Nakita rompia sua ligação com seu amuleto e ficava invisível, mergulhando através dele como se ele fosse água.

"Barnabas, cuidado!" eu gritei, mas era tarde demais. Nakita apareceu atrás do ceifador branco, girando para colocar sua espada contra seu pescoço. Seus braços se prepararam para puxar.

"Nakita, não!" eu berrei, lutando para ficar de pé perante eles. A ceifadora negra vacilou, seus lábios puxados para trás em um sorriso selvagem e vitorioso. Eles estavam parados, dois anjos da morte presos juntos, uma selvagem e enlouquecida, o outro batido e chocado.

"O-onde você aprendeu isso?" Barnabas gaguejou, congelado na sensação da lâmina de outro ceifador contra sua garganta.

Os olhos de Nakita nunca deixaram os meus enquanto ela se inclinava para frente, sussurrando no ouvido de Barnabas, "É impressionante o que você pode fazer quando sabe que nada dura para sempre a menos que você faça durar."

Minha boca estava seca. "Não mate ele," eu implorei. "Por favor, Nakita."

"Bobinha," Nakita disse, seus lábios retorcidos em uma expressão feia. "Por que você se importa? Ninguém mais se importa. Ele falhou em te proteger, te trouxe para mim. E agora, você vai morrer."

"Eu vou com você! Só não mate ele. Me leve até o Kairos," eu exigi, tremendo. "Me deixe falar com ele."

"É exatamente o que eu pretendo fazer," Nakita disse, e então ela se deslocou, recuando.

"Nakita, não!" eu gritei enquanto ela arrastou a ponta de sua espada contra o crânio de Barnabas.

Silenciosamente as asas cinzas do ceifador branco luz inclinaram-se e ele caiu para frente, desmoronado contra a terra coberta de musgo. Suas asas o cobriram, e ele pareceu adormecido, um anjo descansando no chão de uma floresta.

Meu coração estava batendo novamente, e eu comecei a recuar. Nakita balançou suas asas e sorriu.

Uma pena suave deslizou dela, o branco puro sendo levado pela corrente até a terra no musgo verde, verde.

Eu corri.

Houve uma lufada de ar, e ela me tinha. Rápido assim, e tinha acabado. "Me solta!" eu gritei. Eu sabia que ficar invisível não iria ajudar se ela pudesse também. "Por que não pode me deixar em paz?"

"Eu me quero de volta," Nakita rosnou enquanto me segurava firmemente contra si.

"Eu não quero mais ficar com medo. As asas negras," ela disse, suas palavras cortadas enquanto sua voz subia de tom.

"Eu nunca conheci o medo. Eu já o vi, pensei que vocês todos fossem fracos por causa dele, mas não são. Eu não quero mais ter medo. Eu quero ser do jeito que eu era. Kairos pode me transformar no jeito que eu era. Mas ele precisa de seu amuleto para fazer isso."

Meu amuleto, eu pensei desafiadoramente, então berrei enquanto fomos repentinamente para o ar, esquivando quando explodimos pelo dossel e de volta para a luz. Seu braço estava apertado ao meu redor, e minhas pernas debateram-se até meus calcanhares encontrarem os pés dela e eu ficar em cima deles. Foi uma amostra de cooperação, mas pelo menos meu intestino não estava sendo empurrado para os meus pulmões.

"Nakita, sinto muito,” eu disse enquanto subíamos. "Eu não sabia que as asas negras iriam feri-la. Você estava tentando me matar!"

"Era minha tarefa, o seu destino," ela disse, segurando-me firmemente. "Não posso existir do jeito que eu sou agora. Eu serei do jeito que eu era!"

O ar estava frio. Sem aviso, Nakita lançou-se em um mergulho, suas asas dobrando ao nosso redor, embrulhando-nos num calor de um travesseiro macio. Lutei contra ela enquanto meu estômago caia e a vertigem me dizia que estávamos caindo.

"Fica quieta," Nakita rosnou, e então o mundo virou do avesso.

Eu gritei, minha mente incapaz de compreender a ausência absoluta de tudo.

Nenhum som, nenhum toque, nada. Era como se eu fosse as asas negras, nunca tendo existido, mas tendo o horror de saber que havia mais e que agora estava perdido para mim. Eu estava caindo, e não havia nada dentro da minha experiência para me dizer se isso iria acabar.

De repente as asas de Nakita estavam sobre mim mais uma vez, infundindo seu calor em mim. Eu inspirei seu cheiro, arfando de alívio, sentindo sua presença me levar de volta à sanidade.

Nós não estávamos nos movendo, e quando seu braço em torno de mim caiu, meus joelhos atingiram um chão duro.

Esforçando-me para levantar com meus músculos trêmulos, eu fui para trás, ficando de pé e tentando descobrir o que tinha acontecido. Minhas costas atingiram uma pilastra grossa segurando um dossel branco, e eu congelei, a boca escancarada.

Eu estava do lado de fora, de pé em uma varanda de mármore negro com veias douradas de furta-cor. Não havia corrimão entre ela e o gradual declínio dando em uma praia estreita abaixo. O sol estava logo acima do horizonte, mas a sensação fria e úmida no ar estava errada para o pôr-do-sol.

Estava se levantando sobre um oceano plano, não se pondo, e enquanto eu olhava para a vegetação esparsa com suas folhas pequenas e exterior duro projetado para sobreviver à seca, eu percebi que estava em algum lugar do outro lado da terra.

Um ruído de arrastar chamou minha atenção. Era Nakita, mas ela estava me ignorando enquanto eu saia do meu agacho instintivo. Suas asas tinham sumido, e ela estava placidamente ao lado de Kairos, que estava sentado atrás de uma pequena mesa coberta de livros velhos e com uma bandeja de café da manhã.

O timekeeper negro estava vestido com mantos soltos como os que Ron geralmente usava, parecendo jovem, fabulosamente refinado e elegante, composto e alto, sua expressão calma mantendo uma expectativa satisfeita.

Assustado, olhei para trás de mim para um prédio baixo construído na encosta, suas janelas largas abertas para os elementos. Cortinas deslocando-se para dentro e para fora da casa, movendo-se na brisa. Eu podia morrer aqui, e meu pai nunca saberia. "Essa é a sua casa, não é?" eu sussurrei, e o vento carregou minhas
palavras para Kairos.

Ele sorriu enquanto se levantava e vinha para a frente.

Eu estava morta. Eu estava tã-ã-ã-ão morta.

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