Eu só estive n'O Mínimo Múltiplo Comum, ou o Mini C como todos o chamam, uma vez antes. Meu pai tinha me levado para comer pizza, e o restaurante casual tinha estado lotado com universitários ou se estufando por causa das provas finais, ou relaxando após terem feito as suas. Eu sei que ele estava tentando fazer com que eu me encaixasse, mas comer pizza com o meu pai quando todos os outros estavam sozinhos não tinha pintado a imagem que eu esperava passar. Talvez se eu tivesse conseguido ficar invisível naquela noite, eu poderia ter tido mais sorte ao fazer amigos.
Sorrindo pelo pensamento, eu cutuquei as batatas fritas. Josh estava faminto novamente – ou ainda, talvez – que foi como uma paradinha rápida aqui tornou este um lugar conveniente para se praticar, já que o ponto de encontro estava quase vazio. Isso tinha sido há quase uma hora, e eu estava começando a ficar ansiosa.
Talvez não fosse o amuleto, como Barnabas tinha dito. Talvez realmente fosse eu.
Eu tinha visto asas negras movimentarem-se pelo estacionamento quando Josh tinha ido ao banheiro dos meninos, e a expressão em pânico que eu fiz tentando alcançar os pensamentos de Barnabas tinha dado pontadas na Grace.
Nós já tínhamos ido no shopping, e tinha um novo cartão de fotos na bolsa descolada na mesa, bem ao lado do refri e das batatas intocados. Era o segundo prato do Josh, e ele comia com um ritmo contínuo enquanto mergulhava batatas em queijo apimentado e prestava atenção em mim para sinais de “assombração,” como
ele chamava.
A luz da tarde jorrava pela grande janela de vidro laminado que tinha visto para o shopping. O Mini C fora uma vez uma lanchonete, mas se curvando as convenções, eles agora serviam lattes e tinham acesso wi-fi grátis. Havia um espaço central com mesinhas de centro e cadeiras almofadadas, e cabines ao redor das esquinas.
Algumas pessoas estavam plugadas, curvadas sobre seus laptops, e comendo sanduíches de preço exagerado e batatinhas gourmet enquanto surfavam.
Sons solitários de fliperama eram filtrados da caverna escura posta em um lado enquanto as máquinas falavam consigo mesmas. Vinha da arena de skate acoplado um retumbar de rodas onde os skatistas tomavam coragem e testavam seus skates em colinas e trilhos artificiais no “ninho de cobras.” O som de skates na madeira compensada subiu por mim como uma segunda pulsação de sangue. Grace estava no caixa, descansando no sino que supostamente tocava quando alguém no ninho das cobras pulava alto o bastante para acioná-lo. Uma das paredes era uma placa grossa, gasta e marcada de acrílico, e imagens brumosas se moviam atrás dela ao mesmo tempo do retumbar.
Eu me virei da parede transparente e meu olhar voltou para Josh. Meus dedos estavam formigando, mas eu achei que fosse porque eu estava agarrando o amuleto muito firme, não porque eu estava perto de entender esse negócio. Talvez eu fora otimista demais pensando que podia aprender como fazer algo útil em tão pouco tempo, mas eu estava cansada de depender dos outros para ficar segura, e Josh estivera disposto a ajudar. “Consegue me ver agora?” Eu perguntei esperançosamente.
Os olhos de Josh encontraram os meus diretamente, e eu desmoronei. “Eu acho que você está tentando demais,” ele disse.
Lentamente eu soltei o meu amuleto. “Nós só temos algumas horas de sobra. Não é como se isso viesse com um manual de instrução." Deprimida, eu corri meus dedos sobre meu copo de plástico e cera para enxugar a condensação. Barnabas fora menos do que prestativo na vez que eu o perguntei sobre isso depois de uma
noite particularmente frustrante. Ele só dissera que “pensava pensamentos escorregadios” e que era melhor que eu passasse meu tempo aprendendo a como contatá-lo se precisasse de ajuda.
Pensamentos escorregadios. É, e seu eu pensasse pensamentos felizes, eu brotaria asas e voaria.
“Você só está fazendo isso a uma hora. Não seja tão dura consigo mesma. Nós ainda temos um pouco de tempo,” Josh disse, mas seus olhos estavam espreitados de preocupação.
Tempo, eu pensei enquanto amassava o envelope do meu canudo em uma bola e a derrubava. Talvez eu devesse ter tentado aprender como fazer o tempo ficar devagar, mas isso soava muito mais difícil do que ficar invisível.
“Não se preocupe com isso," Josh disse, mas eu conseguia afirmar que ele estava ficando ansioso. Encontrar a morte não era algo que você podia facilmente esquecer, e a lembrança de Kairos de pé à luz do luar com sua gadanha escancarada enquanto eu sentava indefesa em um conversível esmagado fluiu por mim.
Minha mão voltou ao amuleto, e eu segurei a pedra, buscando uma garantia de que mesmo que fosse um amuleto de ceifador negro, eu estava aqui e mais ou menos viva. Acordar no necrotério e ver eu mesma na mesa tinha sido a coisa mais assustadora da minha vida. Ainda pior, eu sabia que era minha culpa, por ter
entrado no carro dele, para começo de conversa, mega fofura à parte. Kairos não era mais tão fofo. Eu não podia acreditar que eu tinha beijado ele.
Eu agarrei o amuleto mais forte. Estava comigo há meses agora, o peso dele familiar e reconfortante. Sem ele, eu não seria só invisível como insubstancial, capaz de passar por paredes e portas fechadas. Isca de asas negras. Fantasmagórica. Talvez essa fosse a chave para tudo. Não pensar em pensamento escorregadios, mas sim meio que achar um jeito de bloquear a influência da pedra.
Encarando a mesa, eu peneirei meus pensamentos pela lembrança daquele momento horrível do necrotério.
Eu fora capaz de sentir o batimento do meu coração e o ar se mover nos meus pulmões enquanto eu respirava por reflexo, mas meu corpo estivera no saco preto para corpos, incapaz de sentir o frio do granito ou a suavidade do plástico cercando-o. Eu me divorciara dele. O laço com meu corpo fora quebrado.
Simplesmente não estivera lá. E, assustada, eu corri.
Quando eu fugi, o ar tinha ficado escasso para mim, como se eu estivesse me tornando tão insubstancial quanto ele era - quase equalizando. Meus joelhos ficaram vacilantes. O toque de objetos reais tinha machucado, como se rangessem contra os meus ossos. Foi só após Barnabas ter ido me procurar que eu me sentira normal novamente. Somente então eu fiquei em uma posição para entender e reconhecer o que eu tinha perdido. Com a falta de um corpo, o universo não me reconhecia. Isso é, até o amuleto de Barnabas chegar perto o bastante e ter algo no que se agarrar e me trazer de volta alinhada com todo o resto.
Talvez com a separação do meu corpo, eu tinha perdido o que o tempo e o universo usavam para me propelir. Talvez os amuletos fossem como pontos artificiais que o tempo e o universo podiam se prender e usar para manter a mente e o corpo em sincronia com o presente. E se eu pudesse quebrar esses laços...
Ansiosa, eu me contorci no assento duro, acreditando que eu estava no caminho certo. Com os olhos ainda fechados, eu caí profundamente nos meus pensamentos e tentei me ver como um indivíduo singular, amarrado ao presente pelas cordas do passado. Eu conseguia ouvir o barulho ao meu redor: Josh bebendo sua bebida de forma barulhenta, a música do telefone da loja – e após meses aprendendo a me concentrar, algo finalmente veio até mim.
Excitação correu por mim enquanto eu, de repente, conseguia ver a linha que minha vida tinha trilhado.
Tensa, eu vi como eu cresci de uma possibilidade para uma presença, maravilhando-me como minha vida entrelaçava-se nas vidas das outras pessoas, e então o embrulhado feio onde eu tinha morrido, quase como se o tempo e o espaço estivessem fazendo um nó para se segurar quando uma alma era cortada. Era como se a memória dos outros juntasse a escuridão onde eu tinha ido, dando-lhe formar pelo que estava faltando, um fantasma de uma presença que repentinamente voltava à existência com uma explosão quando eu obtera um amuleto. Mas agora, o tempo não estava usando o meu corpo para achar minha alma e leva-la para frente,
estava usando o amuleto que eu surrupiara de Kairos. A cor, ou talvez o som, era diferente. Fora um azul escuro até o momento em que eu morrera, e então, uma mudança abrupta para um roxo tão escuro que tinha um matiz de ultra-violeta nele. Como o da Nakita.
Minha aura, eu percebi, querendo deixar tudo cair e tentar tocar pensamentos com Barnabas, mas eu trouxe minha atenção de volta. Eu me senti estremecer quando percebi que eu conseguia ver a minha alma jogando linhas de pensamento no futuro – já que os pensamentos deviam ter que se mover mais rápidos do que o tempo. Eu realmente conseguia ver as linhas de cor violeta se estendendo de mim até o futuro, me puxando junto com o resto do universo. O que fazia isso tudo funcionar, o que coloria as linhas da minha morte em diante, era o amuleto dando ao tempo algo para que se segurar.
E se eu conseguisse quebrar algumas dessas linhas correndo do amuleto para o presente, talvez eu ficasse invisível, como eu estivera quando eu fugi de Barnabas no necrotério. Quase como se eu não estivesse usando a pedra, apesar dela permanecer no meu pescoço.
A antecipação me fez estremecer, e eu me desfoquei o bastante da minha atenção para me certificar de que eu ainda estava sentada com Josh e nada estava acontecendo. Isso tinha que funcionar. Nós estávamos ficando sem tempo. Eu não destruiria todas as cordas – só algumas – e nenhuma das linhas que estava me
puxando para o futuro. Só aquelas que me prendiam a esse instante e momento.
Eu tomei um vagaroso fôlego de que não precisava, e enquanto eu exalava, eu arranquei uma corda que me prendia ao presente. Ela se separou como uma teia de aranha, fazendo um som de zunido suave na minha mente enquanto se partia.
Encorajada, eu corri uma mão teórica entre eu e o presente, dando um golpe, de
ceifeira, maior. O rumbar do ninho de cobras pareceu ecoar por mim. Eu quase conseguia ver o som vindo em ondas na minha imaginação, passando por mim para bater contra o lado mais distante da cabine.
“Madison?” Josh sussurrou, e meus olhos se abriram. Eu encarei a mesa, meus dedos formigando.
“Está funcionando,” ele disse, pavor em sua voz.
Eu inalei como se estivesse saindo das profundezas da água. Minha cabeça levantou-se com um estalo e eu encarei-o. O som dos skatistas se tornou real novamente, as ondas imaginadas de som tinha ido, mas ainda nos meus pensamentos. Meu coração martelou, e eu me senti tonta, quase como se estivesse viva. Josh estava me encarando, seus olhos azuis arregalados.
“Funcionou!” ele disse novamente, se inclinando para frente sobre suas batatas fritas. “Você está de volta agora, mas eu conseguia ver o assento atrás de você!” Ele olhou ao redor para ver se alguém tinha notado. “Foi a coisa mais estranha que eu já vi. Faça de novo,” ele estimulou.
Fui enchida com alívio, e eu me desloquei na almofada dura. “Está bem. Aqui vai.”
Nervosa e animada, eu me assentei com as minhas palmas retas na mesa enquanto determinei que isso acontecesse novamente. De olhos abertos, eu encarei o céu visível pelas janelas frontais. Meu foco borrou, e eu caí nos meus pensamentos. Eu senti a presença da pedra em todo o meu passado recente, tecendo uma rede para amarrar cada momento do tempo ao próximo. Era mais fácil agora, e com um toque de pensamento, eu toquei a nova teia violeta que tinha se formado e a fiz murchar e desaparecer gradualmente.
Os sons ao meu redor ficaram mais ocos e eu senti a sensação enjoativa de ficar insubstancial. O martelar do meu coração, mesmo que fosse apenas uma memória, sumiu.
“Putz grila, Madison!” Josh exclamou em uma onda abafada de palavras. “Você se foi!” Ele hesitou. “Você está... aí? Eu não acredito nisso.”
Eu me concentrei, quebrando um bom número de cordas enquanto elas se deslocavam do futuro para o presente, me certificando de deixar o bastante para me puxar para frente. “Estou aqui,” eu disse, sentindo meus lábios se moverem e ouvindo minhas palavras como se estivessem longe. Eu levei meu olhar até Josh,
achando isso ficar mais fácil com a prática. Seus olhos estavam vagueando tudo, focando mais no assento atrás de mim.
“Maneiro,” ele disse enquanto recuava. “Eu mal consigo ouvir você. Você soa bizarra. Como se estivesse sussurrando em um telefone ou algo assim.”
Um zumbido firme no meu ouvido me disse que Grace tinha abandonado o sino ao lado da caixa registradora. Eu me virei para a luz brilhante lançando-se freneticamente na cabine, e minha boca caiu aberta.
“Eu consigo te ver,” eu sussurrei. “Meu Deus, você é linda.” Ela era minúscula, apesar de seu brilho a fazer parecer do tamanho de uma bola de softball. Sua pele era escura e seus traços faciais eram delicadamente esculpidos. Ouro brilhava ao redor dela, deixando seu contorno indistinto, especialmente quando ela se movia. Eu não conseguia afirmar se era tecido ou uma névoa. O borrão de suas asas era o que
fazia o brilho nebuloso que eu estivera vendo.
Imediatamente a pequenina anjo parou, focando na minha voz. Ela pestanejou em surpresa, seus olhos brilhando como o sol. “Eu perdi a sua canção, Madison,” ela disse. “Eu não conseguia mais ouvir sua alma. Pare o que estiver fazendo. Eu não consigo te ver.”
Funcionou! Eu pensei entusiasmadamente. Se a minha anjo da guarda não conseguia me ver, então tampouco conseguiria um ceifador ou timekeeper. “Eu sou invisível,” eu disse, olhando para ela em espanto.
“Eu sei disso,” ela retrucou, entrelaçando-se em agitação. “Agora para com isso. Tem que ser um erro. Eu mal consigo ouvir sua alma cantando. Eu não poderei te proteger se eu não conseguir te ver.”
Eu movi meu braço, vendo que tinha um contorno branco brilhante agora, meio o que as asas negras pareciam na ponta. Curiosa, eu tentei pegar meu copo. Eu estremeci enquanto o frio do refri foi diretamente até os meus ossos, e eu não consegui apertar meus dedos o bastante para agarrar. Eu me perguntei porque eu
conseguia sentar numa cadeira sem passar por ela, até que eu movi o envelope de canudo embolado. Devia ser que eu era substancial o bastante para ter algum efeito no mundo, mas não muito. Dar uma caminhada em uma ventania seria provavelmente uma péssima ideia. Talvez seja assim que Barnabas voe.
“Madison, ainda está aí?” Josh sussurrou.
“Sim,” eu disse, permitindo que mais algumas linhas permanecessem a medida em que o futuro se tornava o presente. A anjo suspirou em alívio, e os olhos de Josh se deslocaram para os meus.
“Maldição!” ele sussurrou. “Eu meio que consigo te ver. Jesus, Madison. Isso é bizarro. Posso tocá-la?”
“Eu não tocaria,” Grace disse enquanto pairava sobre a mesa, mas eu dei de ombros, e estiquei minha mão para colocar os dedos dele no meu pulso. Ambos estremecemos com a sensação sombria do contato. Seus dedos pareceram queimar, e eu me desvencilhei na mesma hora que ele.
“Frio,” ele disse, escondendo sua mão debaixo da mesa.
“Consegue me ouvir melhor?” Eu perguntei, e ele assentiu. Essa tinha que ser a coisa mais estranha que eu já tinha feito. Destruir as cordas do amuleto enquanto elas passavam do futuro para o presente era quase fácil agora. Como assobiar a música de fundo quando você está fazendo seu dever de casa.
Eu tinha feito isso. Eu tinha finalmente aprendido algo, e o alívio disso era quase o bastante para me fazer chorar.
“Excelente,” Josh disse, sorrindo enquanto eu ficava totalmente invisível novamente, para o desgosto da Grace.
“Se você consegue fazer isso, você consegue pegar aquele amuleto com certeza.”
Eu ri, e Josh se pressionou contra as almofadas.
“Não ria quando está fantasmagórica desse jeito,” ele disse enquanto olhava ao redor da cafeteria. “É realmente estranho. Cara, eu vou ter mais pesadelos.”
Eu acho que eu relampejei visivelmente por um instante quando a porta da frente abriu, me surpreendendo.
Eu apertei minha percepção das cordas do amuleto, tirando um punhado delas e ficando tonta por um instante até que eu me estabilizei e voltei ao padrão de destruí-las em uma progressão suave.
Eu olhei para cima quando Josh endureceu, vendo duas pessoas vindo na nossa direção, uma terceira ainda na bancada, fazendo o pedido.
Eu congelei, me perguntando o que fazer. Elas tinham visto Josh aqui sozinho. Eu não podia simplesmente voltar à existência. Mas então eu fiz uma careta quando reconheci a garota alta na regata de designer e shorts curtos como Amy, parecendo que o verão tinha encarnado enquanto vagueava com Len atrás dela. Parker
estava na bancada pagando por tudo, como de costume.
Todos os três estavam no time de corrida.
Amy andava com as garotas populares. Boazinha na superfície, mas eu tentei ser uma garota popular na minha antiga escola por tempo o bastante para saber que na maioria das vezes era somente na superfície. Ela geralmente saia com Len, a não ser que estivesse punindo-o por traí-la.
Mas após ver Len em carne e osso, eu não sentia nem um pouco de pena dela.
Len era um cara grande, e ele gostava de amassar garotos contra armários quando os professores não estavam olhando, rindo e brincando com eles como se fosse uma piada para que eles trocassem voluntariamente a humilhação por serem notados por cinco segundos por um cara popular. Apesar dele não ser a pessoa não rápida no time de corrida, ele era charmoso – especialmente para si mesmo – e ele tratava as garotas como sorvete – provando um sabor novo a cada mês por um ou dois dias. Ele era bonito o bastante para que as garotas que ele perseguia o deixassem se safar, um fato que me irritava infinitamente.
Parker parecia bonzinho o bastante, mas eu tinha a sensação de que eles o deixavam sair com eles porque ele aguentava o abuso deles, sedento para fazer parte.
Vendo ele pagar por tudo agora me deixou enojada.
Eu quase fora uma Parker uma vez, tentando de tudo, aguentando tudo, até mesmo inventando desculpas para os outros no meu esforço para fazer parte. Se não fosse pela Wendy, eu poderia ter desabado e me tornado essa pessoa. Não valia a pena. Nem um pouco.
“Oi, Josh,” Amy disse alegremente enquanto inclinava seu quadril e colocava uma mão espalmada na mesa.
“Então, onde está a Madison A-garota-bem-bizarra? Ainda empurrando sua bicicleta na estrada?”
Irritada, eu me apertei no canto da cabine, cortando cordas feito louca para permanecer invisível.
Josh me deu um olhar azedo enquanto fazia um negócio de bater na mão do Len.
“Ela é bem legal, está bem? Não a chame mais assim.”
“Ah?” Amy se sentou, fazendo-me me espremer ainda mais para longe. “Foi você que começou com isso.”
Eu me levantei e escalei os assentos para ficar na almofada da cabine adjacente quando Len se sentou e Amy se deslocou.
“Isso foi antes de eu conhecê-la,” Josh disse, suas orelhas ficando vermelhas. “Ela é legal.”
Amy zombou, pegando minha sacola de compras com um dedinho e a movendo mais para perto para que pudesse olhar dentro. “Fazendo umas comprinhas?” ela ridicularizou, e se eu pudesse pegar coisas, eu teria enfiado um punhado de gelo pelas costas de sua camiseta. “Nós te vimos no shopping.”
Os olhos de Josh escanearam a sala, me procurando, provavelmente. Se eu fosse esperta, eu entraria no banheiro das meninas, ficaria visível, e voltaria. Mas eu fiquei. “É da Madison. Ela vai tirar fotos amanhã e precisava de um cartão novo," ele disse, tomando a sacola novamente. “Você devia lhe dar uma chance. Você gostaria dela.”
“Duvido,” Amy disse secamente, então pegou o café gelado que Parker tinha trazido.
“Onde ela mora? Na Lagoa Escondida? Como se tivesse uma lagoa naquela favela de classe média.”
Meus dentes cerraram, e eu tesourei um bando de linhas antes que me tornasse visível.
“Quanta classe, Amy,” Josh disse sarcasticamente. Eu espiei Parker, sabendo que ele vivia na rua abaixo da minha. Seus lábios estavam pressionados juntos e ele não olhava para ninguém.
Amy levou seus joelhos para cima, sentando de lado com seus pés no banco para parecer recatada. “Eu acho que o Josh está encantado com sua nova amiguinha. Deus! Ela tem cabelo roxo. Que bizarra.”
Josh exalou vagarosamente, os olhos abaixados. Se eu já não estivesse morta, eu teria morrido bem então.
Meus dedos subiram para tocar o meu cabelo, e eu jurei colocar uma mecha verde na próxima semana. Ao meu lado, eu conseguia ver Grace começar a ficar nervosa, seus olhos quase disparando faíscas.
“Eu te disse que você fica melhor sem eles,” Amy disse enquanto tirava os óculos de Josh e os colocava na mesa. “Ela é estranha e uma vadia,” ela disse, tão casualmente que me chocou.
“Você mesma disse. Por que você está andando com uma Meg!”
Parecia inocente, mas eu estava a par das gírias britânicas. Queria dizer Garota ou Cara Mais Vergonhoso*. Ótimo.
* no original, Most Embarassing Girl or Guy
Parecendo alarmado, Josh olhou para cima. “Eu disse isso antes de conhecê-la, está bem?” Ele disse audivelmente. “Qual é o seu problema, de qualquer jeito? Ainda está brava por eu ter te dado o fora ano passado?"
Len riu, esticando a mão para fazer um ‘toca aqui’ com Parker. “Logo antes do baile!” Ele disse, estufando três batatas fritas em sua boca. “Se eu tivesse uma câmera, seria milionário.”
Meus olhos se arregalaram. Uau. Ele deu um fora nela, então me chamou para sair? Não era de se espantar que ela me odiava.
Os olhos de Amy se estreitaram. “Ah, pelo amor de Deus. Ela é tão bizarra que nem os góticos querem saber dela. Uma mala total!”
Len se inclinou para frente com seus braços esparramados na mesa. “Amy está certa,” ele disse seriamente. “Você consegue melhor que ela. Você é um veterano.”
Uma mala total? Ele conseguia melhor? Minhas emoções circularam completamente, e eu cerrei meus dentes, tão irritada que eu poderia gritar. Eu deveria ter me afastado. Eu deveria ter me afastado e não escutado.
As asas de Grace batendo soltavam um zunido apertado, e eu ouvi ela dizer, “Era uma vez uma garota do Lago Powell, cuja boca era bem suja. As porcarias que ela fazia expeliam, como uma privada cheia, até que eu a esmaguei contra uma parede."
Deprimida, eu me afundei no assento da cabine ao lado, ainda cortando cordas, ainda invisível.
“Isso não rima,” eu sussurrei, enxugando abaixo do meu olho. Droga, eu não ia chorar por causa do que a Amy tinha dito.
“Talvez não,” Grace disse sarcasticamente, “mas é isso que vai acontecer.”
“Dê uma fora nela, cara,” Len disse. “Faça isso, ou ela vai andar com você o ano todo.”
“Você já pensou que eu talvez possa querer andar com ela o ano todo?” Josh disse nervosamente.
“Ela é bem mais divertida que vocês, com tanto medo do que todos os outros pensam que não conseguem nem escolher suas próprias roupas sem ligar para alguém. E essa é a bebida dela, imbecil.”
“Eu não acredito que você a trouxe aqui!” Amy disse audivelmente. “Esse é o nosso lugar!”
Eu me animei, começando a me sentir melhor quando Josh disse, “É melhor ir, a não ser que queira vê-la. Você talvez tenha que ser boazinha, e um sorriso provavelmente abriria uma fenda no seu rosto perfeito, Amy.”
Silenciosamente eu me levantei para olhar pelas costas do assento da cabine. Josh estava vermelho de raiva.
Len parecia incerto, e Parker estava claramente inconfortável enquanto mexia com seu café gelado. Num movimento rápido, Amy empurrou seus pés no Len para faze-lo mover para que ela pudesse sair. “Até mais, cara,” Len disse enquanto ele e Amy saiam arrogantemente.
Parker lançou um olhar desconfortável para Josh e ficou de pé. Da frente do local de encontro/pista de skate, Amy zombou, “Tchau, Josh,” enquanto esperava na porta.
Eu sabia que a minha expressão estava feia enquanto Parker seguia Len até a porta. Josh exalou, então sussurrou, “Madison, sinto muito. Ainda está aí? Eles são babacas. Não escute-os. Eu disse essas coisas antes de te conhecer. Eu sou um jumento. Por favor volte. Eu sinto muito. Eu... eu gosto do seu cabelo.”
Frustrada, eu lutei para passar pelas costas do assento da cabine e deslizar. O assento ainda estava quente por causa da Amy. Eca. Eu me foquei no meu amuleto, levando um momento para deixar as linhas se formarem, cordas violetas da pedra, até mim, e até o presente, me prendendo a um passado novo em folha. O olhar de
Josh se desviou até o meu quando eu me tornei visível, mas eu não conseguia olhar para ele. A anjo da guarda pareceu relaxar, indo se sentar na luminária, onde seu brilho fraco foi perdido. “Nada como saber seu lugar na hierarquia social, hein?” Eu murmurei.
Josh se deslocou desconfortavelmente. “Eles são idiotas,” ele disse enquanto empurrava minha bebida de volta pra mim. “Eu realmente sinto muito. Eu não devia ter dito essas coisas antes. Eu não te conhecia.”
Eu brinquei com o canudo, incapaz de encontrar seus olhos. “Eles são seus amigos.”
Ele deu de ombros. “Na verdade não. Amy acha que seu suor não fede. Len é um valentão que eu não deixei que me batesse na terceira série – nós temos uma trégua estranha, na qual fingimos ser amigos para que ele não tenha que tentar bater em mim de novo. Parker... eu acho que eles deixam ele andar com eles porque precisam de alguém para atormentar, e ele está tão desesperado para fazer parte que o deixa.”
Eu tomei um gole da minha bebida, estremecendo enquanto o refrigeramente gelado descia. Se era com eles que Josh andava, não me surpreendia por ele gostar de mim. Eu estava começando a me sentir melhor, contudo, especialmente quando eu ouvi um grito abafado do estacionamento e vi Amy recuar da caminhonete de Len, sua mão sobre seu rosto. Ela estava gritando algo sobre seu nariz. Ao meu lado, uma neblina de luz deu risadinhas.
“Obrigada,” eu disse timidamente para Josh. “Por me defender, quero dizer.”
O sorriso de Josh fez meu coração pular. “Deixa pra lá,” ele disse enquanto cutucava suas batatas fritas.
Mas eu não deixaria. Nunca.
Seus olhos azuis encontraram os meus quando ele colocou seu óculos de volta. “E você consegue ficar invisível.”
“Aha-a-a-am,” eu estiquei, coberta com uma sensação de satisfação. Inclinando-me, eu enlacei meus dedos e estiquei meus braços, estralando minhas juntas. Era tão difícil ficar chateada com babacas quando você podia ficar invisível. “Kairos não tem chance. Tudo o que temos que fazer é achar uma lugar silencioso, você se distancia o bastante de mim para que as asas negras possam te sentir, Kairos aparece, e eu deslizo invisivelmente e levanto esse amuleto.” Eu sorri. “Então nós corremos rápido, e ele terá que ir embora até que consigo fazer outro amuleto.”
Ele riu da parte de sair correndo, e eu me senti bem. Terminando suas batatas fritas, ele olhou para seu relógio. Tinha mais botões que uma calculadora. “Então, vamos fazer isso?”
Eu espiei para fora da janela para o tamanho das sombras. “Uhum. Mas não aqui.
Você conhece um beco ou algo assim?”
“Hmmm, que tal o Parque Rosewood?”
O zunido de Grace ficou mais alto, e ela saiu da luminária para pairar a centímetros perante meu rosto.
“Madison, eu sou só uma anjo de primeira esfera, mas não faça isso. Não fique invisível novamente. Espere pelo Barnabas. Por favor. Parece perigoso.”
Acenando para que ela fosse embora, eu disse, “Eu não posso esperar o Barnabas. Além do mais, se você não consegue me ver, tampouco conseguirá o Kairos. Você não consegue capturar o que não consegue ver.”
“E quanto a outras coisas, Madison?” Ela perguntou, preocupada. “Há outras coisas. Se eu não consigo te ver, talvez outra coisa consiga.”
Esse era um pensamento desagradável, e eu me sentei de volta contra o assento duro, considerando.
“O que ela disse?” Josh perguntou, tentando vê-la ao seguir meus olhos.
Eu suspirei dramaticamente para subestimar sua preocupação. “Ela não quer que eu fique invisível porque ela não consegue me ver. Ela acha que é perigoso.”
Um pigarreio indignado encheu o meu ouvido. “Não é que eu não consiga ver você. É que outra coisa possa ser capaz de te ver.”
As sobrancelhas de Josh ficaram mais altas. “Eu não sabia que não era seguro.”
“É seguro o bastante,” eu protestei. “Além do mais, se não encararmos Kairos agora, o que acontecerá hoje à noite? Não é como se você pudesse passar a noite na minha casa. Meu pai é legal, mas dizer a ele que nós precisamos ficar juntos para que a minha anjo da guarda possa mantê-lo seguro não vai funcionar. Pessoalmente, eu preferiria encarar Kairos agora do que o meu pai após eu quebrar o toque de recolher.”
Josh fez uma careta. “Eu não quero especialmente ficar encrencado, também.”
Frustrada, eu tomei um gole de refri. Eu ficaria de castigo por um mês se não aparecesse para o jantar – se eu tivesse sorte. Mas Josh não sobreviveria à noite se não fizéssemos algo.
“Quebrar o toque de recolher diversas vezes foi como eu vim parar aqui,” eu disse suavemente, quase para mim mesma. “Além do mais, o que isso nos fará? Amanhecendo, quando eles nos localizarem, você será levado para o outro lado da cidade e eu serei trancada no meu quarto. Muito bem isso nos fará. Não, encararemos Kairos agora, enquanto temos alguma escolha de como e quando.”
“Madison, não,” Grace protestou, suas asas batendo tão rápido que eu achei que Josh quase podia vê-la brilhar. “Espere até Ron ou Barnabas voltar. Faça isso então."
Um barulho exasperado escapou de mim. “Se algum dos dois estivesse aqui, eu não teria que fazer isso. Essa é a razão disso tudo!”
“Mas eu não acho que você esteja fazendo isso certo,” ela disse, recuando ligeiramente. “Eu deveria ser capaz de escutar a sua alma cantando mesmo quando você fica invisível, e eu não consigo! Por favor não faça isso.”
“Ou fazemos isso agora,” eu disse, esperando que Josh estivesse entendo a essência disso, “ou quebramos o toque de recolher, nos ganhando somente o tempo entre agora e quando nossos pais nos pegarem. Eu não estou disposta a arriscar a vida de Josh na esperança que Ron volte até lá. Então a não ser que você queira
ficar com Josh hoje à noite, não temos razão alguma para esperar por Barnabas."
Eu congelei e Josh olhou para mim, assombro em seus olhos.
“Ei, essa não é uma má ideia,” eu disse, puxando-me para frente no assento enquanto Grace pairava para trás.
“Minha anjo da guarda podia ir com você hoje à noite. Você estaria a salvo e nenhum de nós iria se encrencar.”
“Hein?” Era uma expressão minúscula, soando estranho vinda da bola de luz. “Não. Eu fui encarregada de observá-la. O próprio Ron me deu essa tarefa de mantê-la longe de encrencas. Segura.”
“É, bem, se você não for com o Josh, então eu vou ir achar o Kairos e ficar seriamente encrencada.”
Josh se inclinou conspiratoriamente. “O que ela está dizendo?”
Sorrindo, eu bati minhas unhas na mesa. A resposta estivera me encarando por toda a tarde, cantando limeriques. “Se a minha anjo da guarda ficar com você, você ficará bem. Ela pode esconder a sua aura, exatamente como eu.”
“E quanto a você?” Josh perguntou enquanto Grace balançava-se para frente e para trás em agitação.
“Eu ficarei bem!” Eu disse confiantemente. “Ele não conhece a nova ressonância do amuleto. Não sabe onde eu vivo. Eles não podem me achar a não ser que achem você primeiro. E se acharem, eu simplesmente ficarei invisível.” Eu me virei para a bola de luz. “Então, veja, é do meu melhor interesse que você vá com o Josh.”
“Não,” ela disse rigorosamente. “Não funciona dessa maneira. Eu fui mandada a ficar com você.”
“E eu estou te mandando ficar com ele!” Eu exclamei, então abaixei minha voz quando três caras magricelos saíram do ninho de cobra com seus skates enfiados debaixo de seus braços.
A bola brilhante de luz veio tão perto do meu rosto que eu me desvencilhei para trás.
“Olha, mocinha,” Grace disse severamente, “você não pode me mandar ir a lugar algum. Eu obedeço ao Ron, e, querida, você não é o Ron.”
Frustrada, eu me inclinei para frente até que ela recuasse. “Vá com ele, Grace,” eu enfatizei. “Agora. Até que eu diga o contrário. De outra maneira, eu vou ficar fantasmagórica e farei isso hoje à noite.”
“Grace?” a anjo da guarda sussurrou enquanto seu brilho diminuía. “Você me deu um nome?”
Josh estava começando a parecer desconfortável, o que eu conseguia entender, já que ele não conseguia vê-la e parecia que eu estava gritando com ele. Com os lábios pressionados, eu olhei para o brilho acima da mesa. Eu me restringi de apontar um dedo para a anjo teimosa, mas foi só. “Grace—”
“Eu irei com ele,” ela disse, seu brilho tornando-se mais claro brevemente. Foi brando e manso, e ela me chocou ao ponto de arrancar as minhas próximas palavras. “Madison,” ela continuou, “se você me meter em encrenca, eu vou ficar tão brava com você! Eu nunca fui uma guardiã antes. Você é minha primeira encarregada, e se eu estragar isso, eu tenho que voltar ao treino de sensibilidade para o resto da vida."
Eu encarei enquanto Grace se deslocava meros sete centímetros para se mover para mais perto de Josh.
“Eu ficarei com ele,” ela disse, sua voz fluindo como líquido.
Josh estava observando minha surpresa estupefata com um olhar inquisidor. “O que acabou de acontecer?”
Intrigada, eu me endireitei. “Hãn, ela vai ficar com você,” eu disse, e ele exalou em alívio.
Com as sobrancelhas arregaladas, ele se reclinou. “Então... vamos esperar?”
Eu assenti, para o alívio de Grace. “Mas não mais que até amanhã,” eu acrescentei, e ela enfureceu-se, se as fagulhas laranjas que ela estava atirando significavam algo. “Se Barnabas ou Ron não apareceram pela manhã, então eu vou chamar Kairos. Tomar seu amuleto.”
“Derrote-o. Faça o seu negócio,” Josh acrescentou, rindo. “Bom. Isso nos dará um pouco de tempo para bolar um plano melhor do que ‘pegá-lo.’ Vou te dizer o seguinte. Eu passarei na sua casa amanhã de manhã para te pegar para ir ao festival, e nós iremos ao invés para Rosewood Park para lidar com o Kairos. Desse
jeito, você poderá pegar a sua anjo de volta imediatamente.”
“Isso me parece um plano,” eu disse, olhando para Grace enquanto ela fazia um barulho estranho: parcialmente desaprovador, parcialmente planejamento diabólico, parcialmente frustrado. Eu não gostava da enganação, mas o que eu diria ao meu pai? Oi, pai. O Pai Maligno do Tempo está tentando matar o Josh. Não se preocupe, já que eu vou roubar sua fonte de poder novamente. Voltarei antes do almoço. Beijinhos!
“Eu te levarei para casa então,” Josh disse, levantando-se e juntando suas coisas.
“Você tem meu celular?”
“Não,” eu disse, distraída enquanto pensava no que tinha acabado de acontecer.
Droga, eu tinha dado uma ordem à minha anjo, ela tinha obedecido. Foi de uma resistência aberta para um entendimento. E enquanto eu bebia o resto do meu refri para que pudéssemos sair de lá, eu estremeci.
Eu comandando anjos. Isso não podia ser bom.
Gostei a idéia do seu blog. Estou organizando um blog literario e gostaria de conversar com você a respeito. Podemos conversar? respondo no e-mail catedraldoprior@aol.com
ResponderExcluiramei o blog como vc disse no orkut para mandarmos o nome do autor e livro la vai everlasting alyson noel se me mandar seu email te mando ele em ingles para facilitar o meu é silaprocha@yahoo.com.br
ResponderExcluir